CULTURA
Morre, aos 89, Joacil de Britto
Morre aos 89 anos em João Pessoa, o escritor e jornalista Joacil de Britto Pereira; velório aconteceu na Academia Paraibana de Letras.
Publicado em 30/08/2012 às 6:00
No hall da Academia Paraibana de Letras (APL), casa que presidiu por uma década, ao longo de dois mandatos, uma prateleira era adornada com os livros que escreveu em uma vida dedicada ao trabalho de escritor, jornalista, dramaturgo, jurista e político.
Joacil de Britto Pereira morreu ontem em João Pessoa, aos 89 anos. Seu corpo foi velado durante o dia na APL e enterrado no fim da tarde no Cemitério da Boa Sentença, no bairro do Varadouro.
Segundo informações da família, ele estava internado desde o sábado na Clínica Dom Rodrigo, no Centro. Na quarta-feira pela manhã, não resistiu à falência múltipla dos órgãos. Deixou viúva Neli Santiago, com quem teve oito filhos, sete deles ainda vivos.
Foi, segundo o presidente da APL e colunista do JORNAL DA PARAÍBA, Gonzaga Rodrigues, um líder político que encerrou sua trajetória como líder intelectual: "Joacil foi, no meu entender, um homem muito ativo, de uma presença muito marcante em todos os setores e atividades em que militou, em todas elas emprestando o seu caráter destemido, criativo e realizador", declarou Gonzaga Rodrigues.
Além de presidir a APL (tendo reinaugurado, em uma de suas gestões, o Memorial Augusto dos Anjos), Joacil de Britto foi por duas vezes deputado federal e estadual, tendo, entre as várias funções públicas exercidas no Estado, ocupado a secretaria do Conselho Penitenciário e a chefia da Casa Civil. Esteve também à frente do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.
"O momento mais difícil de sua biografia foi na Revolução de 64", lembra Gonzaga Rodrigues, referindo-se aos seus constantes embates com os movimentos de esquerda. "Entretanto, este momento foi anulado por sua capacidade de reconhecer seus eventuais excessos e por sua incrível capacidade de perdoar", conclui o presidente da APL.
PERSONALIDADE FORTE
Os acadêmicos Juarez Farias e Wellington Aguiar, que sucederam Joacil de Britto após suas duas gestões como presidente da APL (1994-1996 e 1998-2006), ressaltaram a personalidade e o temperamento fortes do coleta: "Ele era uma personalidade de várias fontes e de várias frentes de trabalho", comentou Farias. "Advogado, político, professor de direito, teatrólogo, poeta, foi na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional que fez aflorar sua verve mais polêmica", complementa.
Para um dos seus filhos, Francisco José Santiago de Britto Pereira, era, acima de tudo, um amigo fiel e um exemplo de dignidade, coragem e lealdade para com os amigos: "Meu pai era um homem das letras, um homem culto, que foi um político honesto e o melhor pai que se podia ter".
Nascido no dia 13 de fevereiro de 1913, natural de Caicó (RN), mudou-se aos nove anos para João Pessoa, onde se estabeleceu. Estudou no Lyceu Paraibano, sendo um dos fundadores do Teatro do Estudante.
Entre a profusa bibliografia, destaca-se a aclamada biografia do escritor José Américo de Almeida, A Saga de Uma Vida, publicada no centenário do escritor de Areia (Brejo), em 1987, e reeditada em 2010 pelo Instituto Nacional do Livro.
Escreveu também perfis dos escritores Ascendino Leite, Nicolau Maquiavel e deixou suas próprias memórias publicadas em três volumes: A Vida e o Tempo (1992).
No teatro, escreveu Olga Benário Prestes, que venceu o Prêmio Literário Cidade do Recife em 2003. Era o 1º sucessor da cadeira nº 17 da APL, que tem Gama e Melo como patrono.
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