ECONOMIA
Crise hídrica pode gerar forte demissão no setor industrial na PB
Segundo o presidente da Federação das Associações de Municípios, Tota Guedes, 98 municípios já estão em racionamento e 41 já estão em colapso total de água.
Publicado em 29/11/2015 às 8:00
O ano de 2016 ainda não começou, mas os indícios do agravamento da crise hídrica na Paraíba nos próximos meses já são reais. O pior é que nenhum setor da economia, sobretudo no interior do Estado, está imune à escassez de água, que acumula quatro anos de baixas chuvas, mananciais e açudes comprometidos e sem possibilidade de qualquer antecipação da transposição do São Francisco. Se a estiagem continuar no próximo ano, há forte risco de colapso na agricultura, além de fortes demissões na indústria e no comércio
Segundo o presidente da Famup (Federação das Associações de Municípios da Paraíba), Tota Guedes, 98 municípios já estão em racionamento na Paraíba e 41 já estão em colapso total de água. "Se não chover em 2016 será o declínio tanto dos grandes produtores rurais quanto dos que estão na agricultura familiar. Irá ocorrer o que aconteceu em Sousa, que era um dos maiores produtores de coco do Nordeste e agora não tem nada", desabafou.
Até maio, grandes reservatórios da Paraíba, como o Coremas e Mãe D'água chegarão ao seu volume morto. Enquanto isso, a meteorologia aponta para chuvas abaixo da média no Sertão. E como as águas do rio São Francisco não chegarão à Paraíba antes de 2017, aumenta a apreensão dos setores produtivos do Estado.
AGROPECUÁRIA
O presidente da Federação da Agricultura da Paraíba (Faepa-PB), Mário Borba, revelou que a situação no agronegócio no semiárido é tão crítica que existe proprietário de gado comprando água de carro-pipa para dar de beber aos animais. “Se as previsões de seca mais intensa até abril se confirmarem, a agricultura paraibana entrará em colapso”, alertou.
A situação também é crítica para os criadores de gado. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram na última pesquisa da Produção Pecuária Municipal (divulgada em outubro), que em 2014 o rebanho na Paraíba foi de 1,145 milhão de bovinos, situação bem diferente das 1,354 milhão de cabeças existentes em 2011. “Grande parte do rebanho acabou. Para piorar, o governo cortou o subsídio para a compra de milho. A saca que custava entre R$ 14 e R$ 22 passou para R$ 42. E o que os animais vão comer?”, questionou Borba.
COMÉRCIO
O comércio, um dos setores que mais emprega na Paraíba, também foi duramente afetado, principalmente nos municípios do interior, onde os reservatórios estão esgotando já o volume morto. A segunda cidade economicamente mais importante do Estado, Campina Grande, passa por racionamento de água intenso desde dezembro de 2014.
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas da Paraíba (FCDL-PB), José Lopes, lembrou que o nordestino sempre conviveu com a seca, mas esta é a primeira vez que falta água para o consumo humano nas principais cidades do Estado. “E o impacto é imenso no comércio. As classes menos favorecidas estão usando seus poucos recursos para fazer cisternas, caixa d'água e comprar garrafão de água mineral para não ficar com sede. No comércio o volume de vendas já está reduzido. Se não houver solução para a estiagem nos próximos dois anos, o interior será evacuado”, revelou Lopes.
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