VIDA URBANA
Maioria dos casos de abuso sexual é praticada por familiares
Especialistas apontam as principais causas deste tipo de comportamento e esclarece quais os impactos deste tipo de agressão nas relações sociais e familiares.
Publicado em 25/07/2010 às 8:55
De Rostand Melo do Jornal da Paraíba
A prática de abuso sexual contra crianças e adolescentes é um tipo de violência que causa sérios problemas psicológicos nas vítimas, que geralmente são atingidas em uma fase delicada de formação e desenvolvimento da personalidade. Mas os danos são ainda piores quando a agressão acontece onde menos se espera e é provocada por quem deveria oferecer proteção. Os casos de incesto, quando há relação sexual entre parentes, representam boa parte das agressões sexuais sofridas por adolescentes com até 17 anos de idade. Especialistas apontam as principais causas deste tipo de comportamento e esclarece quais os impactos deste tipo de agressão nas relações sociais e familiares.
De acordo com dados do Conselho Tutelar de Campina Grande, em 2010, foram registrados sete casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes só na região sul da cidade, que abrange bairros populosos como Catolé, Tambor, Liberdade e São José. “Sabemos que há muito mais casos que ainda não foram identificados. Nós não detectamos todos, porque muita gente não denuncia com medo, por vergonha ou falta de informação”, relata a conselheira Isolda Fragoso. No município, os conselhos tutelares estão divididos em quatro regiões.
A Polícia Civil não divulga dados detalhados sobre os suspeitos para não atrapalhar a apuração das denúncias, mas as investigações apontam para a grande incidência de incesto em ocorrências de violência sexual. “A maioria dos casos de abuso envolve alguém da família, quando não é o pai, a agressão muitas vezes é feita por um tio, um avô ou alguém que tenha proximidade com a criança”, informa a delegada Alba Tânia, que está à frente da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Infância e Juventude em Campina Grande. Apesar dos levantamentos feitos pelos órgãos de proteção, não há como se obter uma estatística exata que apresente a real dimensão do problema, já que muitos dos casos nem sequer são denunciados. “Acredito que muitos casos não chegam até a delegacia, seja por ameaça do agressor ou por medo”, comenta.
O ‘tabu’ que envolve este tipo de ocorrência também dificulta a investigação dos casos que são denunciados oficialmente. “Geralmente no começo as vítimas não falam, e no início muitas não admitem ter sofrido a agressão, mas com o tempo se sentem mais seguras e falam”, avalia Alba Tânia. Ainda de acordo com a delegada, não se pode considerar que as famílias seriam coniventes com este tipo de crime, já que a maioria das denúncias também é feita por parentes. O que dificulta as investigações é o medo de castigo dentro de casa. “Os agressores costumam usar algum artifício, seja uma ameaça ou alguma pressão psicológica”, concluiu.
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