O Bem Amado volta à televisão nesta terça-feira

De André Cananéa do Jornal da Paraíba

Visto por 900 mil pessoas nos cinemas em 2010, a comédia O Bem Amado, de Guel Arraes, vai agora para a televisão, fazendo o caminho inverso do qual o diretor está acostumado – vide O Auto da Compadecida e Caramuru – A Invenção do Brasil, microsséries de TV que ganharam as telas de cinema. Com 26 minutos a mais do que foi visto na telona, a versão de Guel para a trama de Dias Gomes será exibida pela Rede Globo esta semana.

No Bem Amado de Guel Arraes, Marco Nanini revive o Odorico Paraguaçu imortalizado por Paulo Gracindo (1911-1995). Dirceu Borboleta ficou a cargo de Matheus Nachtergaele, enquanto coube a José Wilker personificar o Zeca Diabo que um dia foi de Lima Duarte. Andrea Beltrão, Zezé Polessa e Drica Moraes fazem das irmãs Cajazeiras, antes beatas, um trio de peruas. A trama gira em torno de um cemitério recém-construído por Odorico, mas impossível de inaugurar, já que ninguém morre na cidade, para desgosto do prefeito.

Mesmo tendo o apelo de ser uma das histórias mais populares da TV brasileira, os quase um milhão de espectadores que O Bem Amado atraiu aos cinemas ficou aquém de outras produções de Guel, como Lisbela e o Prisioneiro, que arrebanhou um público de três milhões, e o citado O Auto da Compadecida que, mesmo tendo sido exibido na TV antes, ainda vendeu mais de dois milhões de ingressos.

Por email, Guel disse que não tinha expectativas que a fama de O Bem Amado pudesse levá-lo a bater seus próprios recordes. “Ao mesmo tempo em que O Bem Amado é familiar para um público mais velho, muitos dos jovens de hoje sequer tinham ouvido falar em Odorico Paraguaçu até então”, comentou.

Sobre a adaptação para a televisão, o diretor explicou que a microssérie terá sequências inéditas, mas ele também retirou cenas que estavam na montagem para o cinema. “Nada que comprometa ou diferencie a narrativa, mas é uma adaptação de formatos. Seja para mudar o ritmo de uma cena, seja na apresentação dos personagens, essas diferenças se apresentam”, pondera.

No novo formato, diz o diretor, algumas tramas são mais exploradas, como o romance proibido de Neco (personagem de Caio Blat) e Violeta, filha do prefeito (interpretada por Maria Flor) ou o casamento de Dirceu Borboleta e Dulcinéia (Andréa Beltrão). “Mas os personagens são rigorosamente os mesmos”, avisa.
Para Guel, a grande mudança do cinema para TV está na maneira como a obra será assistida. “Ver sob a forma de um folhetim que continua amanhã combina mais com a dispersão da TV do que a forma concentrada de ver um filme em continuidade”, comenta.

Guel também comentou que a ideia de transformar O Auto da Compadecida em série lhe ocorreu durante as filmagens (que foram feitas aqui, no interior da Paraíba), enquanto Caramuru, a ideia só veio depois do fim das filmagens.

“Essas são histórias mais episódicas do que O Bem Amado que, por ter uma trama mais amarrada, facilitava a passagem de uma minutagem à outra. O grande público está acostumado, no Brasil, a esse tipo de formato, em capítulos, com ganchos, reviravoltas, etc. Acho quase um desperdício, na verdade, não pensar em TV na realização de um filme popular”, declarou.

O Bem Amado estreia terça-feira (18) que vem e será exibido até sexta (20), em quatro capítulos, sempre depois do Big Brother Brasil.