COTIDIANO
Em depoimento, Nayara diz que paraibano sempre quis matar Eloá
Estudante falou nesta quinta (8) à Justiça, em Santo André. Ela disse que Lindemberg sempre quis matar a ex-namorada.
Publicado em 08/01/2009 às 15:33 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:41
Do G1
Durante o depoimento de quase duas horas que deu nesta quinta-feira (8) no fórum de Santo André, no ABC, a estudante Nayara da Silva respondeu todas as perguntas feitas pelo juiz sobre o caso Eloá. A adolescente, que adotou novo visual (pintou os cabelos loiros com a cor vermelha), se manteve tranquila, de acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Nayara, no entanto, não soube dizer de quem partiram os dois disparos no momento em que policiais do Grupo de Atuações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar invadiram o apartamento onde ela e Eloá Pimentel, de 15 anos, eram mantidas reféns em Santo André, em outubro do ano passado. Os disparos atingiram o rosto de Nayara e a cabeça de Eloá, que morreu dias depois.
Segundo a sobrevivente, a PM só entrou após Lindemberg colocar a mesa encostada na porta da sala. Seu objetivo era criar uma barricada para dificultar uma entrada da polícia. Depois disso, ela ouviu um “estampido”, sem determinar se se tratava de um tiro ou bomba. Em seguida, houve os dois disparos.
Nayara contou ao juiz José Carlos de França Carvalho Neto que, ao sair do apartamento, olhou para trás e viu a amiga Eloá desacordada, deitada no sofá.
Ela manteve o discurso que deu à polícia sobre o motivo do seqüestro. “Ele entrou [no apartamento] para matar a Eloá. Não admitia que ela não o aceitasse de volta”, teria dito a menina, segundo o Tribunal de Justiça.
A adolescente também disse ao magistrado que Lindemberg a culpava por Eloá ter terminado o relacionamento de dois anos e sete meses com ele.
Segundo Nayara, quando Lindemberg entrou no imóvel, ele não tocou a campainha porque a porta estava destrancada. Nayara, Eloá e dois amigos se preparavam para fazer um trabalho de escola.
Com o tempo, os pais dos jovens começaram a ligar preocupados, Lindemberg ficou nervoso e não deixou ninguém atender o telefone.
Um PM foi até a casa de Eloá e, de acordo com Nayara, Lindemberg atirou contra eles. Durante todo o seqüestro mais quatro disparos teriam sido feitos por Lindemberg: uma na tela de um computador, um no teto, e dois contra a multidão que acompanhava o caso do lado de fora. A jovem relatou que Alves alternava momentos de humor e discutia muito com a ex-namorada. “Ele se gabava e dizia que era o príncipe do gueto”, teria dito a menina no fórum.
Sobre a volta ao apartamento – Nayara tinha sido solta um dia após o início do seqüestro – a adolescente contou que foi a polícia quem pediu para que ela, por telefone, convencesse Alves a se entregar e soltar Eloá. A jovem disse ter sido “orientada” pelo criminoso a entrar no imóvel. Ela então entrou assim que viu pela fresta da porta que Eloá tinha um revólver apontado para a cabeça.
O depoimento de Nayara ocorreu entre 9h20 e 11h desta quinta-feira. Os dois outros meninos que também foram mantidos reféns no apartamento foram ouvidos por volta das 12h20.
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