COTIDIANO
Alagoa Nova é o início da nossa rota pelos Caminhos do Frio
A 875 metros acima do nível do mar, um gostoso clima frio, digno da combinação com um dos produtos mais típicos da cidade, a cachaça.
Publicado em 18/07/2008 às 14:35 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:43
Karoline Zilah
Cerca de 150 kilômetros separam a média anual de 26ºC da Capital paraibana dos amenos 12ºC que fazem qualquer turista vestir um agasalho no primeiro destino do roteiro cultural Caminhos do Frio: o município de Alagoa Nova, com seus engenhos de produção de cachaça, mel e rapadura, seus sítios rodeados por um verde intenso onde são feitas trilhas de aventura e ecoturismo, e com a galinha de capoeira, prato típico da cozinha local.
Durante o percurso de duas horas e meia de viagem de carro, é possível perceber a gradativa mudança na sensação térmica. Após atravessar Campina Grande, a paisagem começa a ser tomada por uma vegetação úmida, um indício das fortes chuvas que passam pelo Estado nos meses de junho e julho. A 875 metros acima do nível do mar, a novidade é a neblina que encobre a serra, dando ao turista uma dica do que os espera: um gostoso clima frio, digno da combinação com um dos produtos mais típicos da cidade, a cachaça.
De acordo com IBGE, no ano de 2006, a população era estimada em 19.146 habitantes. A pequena cidade inaugura as atividades do Caminhos do Frio, roteiro que está em seu segundo ano de atividades e é fruto de uma parceria entre o Governo do Estado, o Sebrae e as prefeituras das seis cidades participantes - Alagoa Nova, Areia, Serraria, Bananeiras, Alagoa Grande e Pilões. A programação interioriza o turismo na Paraíba, levando os viajantes a conhecer atrações diversas às tão famosas praias do Litoral. Em 2008 são esperados mais de 30 mil turistas na região.
A próxima cidade é Areia, que inicia sua programação no dia 15 de julho, seguida pelos municípios de Serraria, com início no dia 25, Bananeiras, dia 31, Alagoa Grande, dia 03 de agosto, e Pilões, no dia 11 de agosto, com a Festa das Flores, encerrando a programação.
Confira aqui o roteiro especial para dois dias de viagem pelo Brejo.
E a alternativa de passeio não poderia chegar em outra época que não fosse o Inverno, quando a região do Brejo é tomada pelas temperaturas mais baixas do ano. A idéia da programação é integrar as cidades, destacando cada uma delas durante uma semana inteira de atividades culturais.
Em Alagoa Nova, a atração mais popular é a 3ª Festa da Galinha de Capoeira, que acontece de 6 a 13 de julho no ginásio O Moraesão. O evento é rodeado por apresentações teatrais e de danças regionais, shows de forró pé-de-serra, caravanas, feiras agroecológicas e de artesanato, além de oficinas e do festival gastronômico, onde não poderia faltar a famosa galinha de capoeira do município.
Civilização do Açúcar – Uma parada obrigatória nesta rota é o engenho da cachaça Serra Preta. A visita mata a curiosidade dos amantes da aguardente, que chegam ávidos para saber como o produto é confeccionado. Moedores de cana-de-açúcar e grandes tachos que fervem o líquido fazem parte desse processo, que resulta também na rapadura, doce tradicional no paladar do autêntico nordestino.
Porém, de acordo com o secretário de Turismo do Estado, Roberto Braga, a maior lição que se leva da visita aos seis engenhos ativos de Alagoa Nova, bem como de todos os que fazem parte do Caminhos do Frio, é a importância histórica do passeio batizado com o nome de Civilização do Açúcar, que compreende os antigos engenhos de exploração da cana.
“Foi ela que deu condições econômicas para o fortalecimento da economia no Brasil no século XVIII. Os engenhos deixaram um legado histórico para o nosso estado, além do Brejo ter sido o berço de autores consagrados como Pedro Américo, José Américo de Almeida, José Lins do Rego e do saudoso músico Jackson do Pandeiro”, comenta Roberto Braga sobre a importância de abrir o roteiro dos engenhos ao público.
A expectativa do prefeito Luciano Oliveira é manter a cidade na rota do turismo paraibano, firmando-a como um ponto de parada das caravanas de estudantes e dos amantes do turismo rural e de aventura. Com o investimento nos passeios culturais e ecológicos, a estimativa é de que, até 2010, aumente em 30% o número de hotéis, bares e restaurantes do Brejo.
“Queremos firmar a cultura local com o aumento do fluxo de visitantes no município. Um exemplo é o fortalecimento da agricultura familiar e da avicultura, pois a galinha de capoeira é o carro-chefe da alimentação nordestina e ainda perpassa o viés das raízes afrobrasileiras”, explica.
À beira da lareira – Após um dia inteiro percorrendo as potencialidades de Alagoa Nova – caminhadas na serra, trilhas ecológicas, engenhos em pleno funcionamento e apresentações de forró ao sabor dos pratos típicos – a dica é se agasalhar e fechar a noite se aquecendo à beira de uma lareira. É que uma das pedidas para o jantar é o restaurante e adega do Bianão, o Fabiano Matias da Costa, paraibano que, após viajar o Brasil, resolveu voltar para a terra natal e se dedicar à sua grande paixão: a culinária.
O local, que mais parece uma adega européia, fica a 14 km de Alagoa Nova, no Vilarejo Ciro Cardoso. Na casa rústica, que completa 190 anos de construção, o seu Bianão se refugia do mundo. Os 120 pratos do cardápio vão do popular ao sofisticado: o visitante pode provar desde o capão e a galinha com xerém e um risoto molhado, até receitas da cozinha internacional, como salmão, fondue e bacalhau.
Fica a dica: para quem quer curtir um frio europeu sem sair da Paraíba, a noite em Alagoa Nova pode terminar com um brinde de vinho tinto à beira da lareira, ao som de uma coleção de LPs de música regional e até clássica.
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