O veneno que continua vivo

Enquanto o patrimônio material de Cássia Eller, representado por royalties por direitos autorais e vendas de disco, tramita na Justiça das mãos da ex-companheira da cantora, Maira Eugenia, e seu descendente direto, o 'Chicão' (filho de Cássia com o baixista Tavinho Filho), um outro patrimônio, imaterial mas bem mais valioso, representado por suas canções e a atitude roqueira que entrou para a história, continua a chegar às nossas mãos mais de uma década após a sua morte, amanhã, dia em que completaria 50 anos.

A Universal Music anunciou para esta segunda-feira o lançamento no iTunes de 'Flor do sol', música composta em parceria com Simone Saback finalizada em estúdio com a participação de músicos amigos de Cássia Eller.

A canção foi escrita quando a artista carioca contava apenas com 19 anos e morava em Brasília (DF), onde sua fama começava a se perpetuar ainda como intérprete de barzinho. 'Flor do sol' estava gravada em uma fita cassete guardada por quase 30 anos.

Em entrevista concedida ao portal da União Brasileira de Compositores, Simone Saback conta que a letra foi composta por Cássia na época em que se conheceram através de Marcelo Saback (seu irmão).

"Um dia ela me chamou em casa e disse que tinha umas frases em tupi guarani. Era parte de uma lenda ligada à índia Potira. Estava com a frase (literal e melódica) pronta, eu só dei continuidade, com base na lenda que me contou. Resolvemos gravar para não esquecer mais a letra", relata Simone Saback na entrevista.

Segundo ela, a ideia de trazer a história a público veio depois que sonhou com a amiga e sentiu vontade de escutar a fita. Após ouvi-la, Simone resolveu mandá-la para Chicão (que toca percussão em uma banda chamada Zarapateu) e ele tomou a iniciativa de produzir a faixa com a voz original de Cássia, tendo trabalhado nela por três meses.

Além do lançamento de 'Flor do sol' na plataforma da internet, a Universal prometeu para este ano a edição em CD e DVD de À Luz do Solo, registros de um show acústico feito em 2001 no ATL Hall (hoje Citibank Hall), em São Paulo.

Os projetos estão sob a responsabilidade de Nando Reis, ex-produtor e amigo pessoal do mito, que ano passado se saiu com Relicário - As Canções Que o Nando Fez pra Cássia Cantar (Universal, R$ 19,90), álbum que trazia a inédita 'Baby love', cuja linguagem pesada motivou o veto do empresário de Cássia na época, Leo Netto.

NOS CINEMAS
Os 50 anos de Cássia Eller também não passarão batidos na sétima arte. Paulo Henrique Fontenelle (diretor de Lóki - Arnaldo Baptista) está preparando um documentário sobre a vida controversa da voz imortal.

O longa, cuja produção está em fase avançada, tem imagens de arquivos exclusivas e depoimentos de músicos e jornalistas que conviveram e conheceram a fundo a sua personalidade.

Parte do documentário é construída por cenas que testemunham a preparação para a gravação do Acústico MTV, o disco mais vendido na meteórica carreira da artista, com um milhão e 100 mil cópias.

Nos palcos teatrais, uma versão da biografia está sendo preparada com a aprovação de Maria Eugenia e Chicão: Cássia Eller - O Musical ainda procura uma atriz para encarná-la em 2013.