VIDA URBANA
Novo protesto em JP e CG
Manifestações pela Paraíba integraram a mobilização nacional, que transformou o 11 de julho em um Dia Nacional de Luta.
Publicado em 12/07/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:29
Comércio fechado, trânsito bloqueado, passageiros percorrendo distâncias para embarcar em ônibus e uma multidão de manifestantes ocupando as ruas. Assim ocorreu o protesto popular que arrastou por mais de 3 horas cerca de quatro mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, na tarde de ontem, em João Pessoa.
É a quarta vez em menos de 20 dias que as ruas do Centro da capital são tomadas por trabalhadores e estudantes, que se mobilizam para reivindicar direitos e mudanças sociais. Usando bandeiras, apitos, buzinas, faixas, cartazes e até carros de som e alto-falantes, mostraram a insatisfação por diversos problemas. A ação de ontem foi organizada por organizações sindicais e fez parte da mobilização nacional, que transformou o 11 de julho em um Dia Nacional de Luta.
Segundo a coordenação do movimento, não há informação precisa sobre quantas categorias representativas tenham participado do protesto, mas ele estima que a manifestação tenha atraído mais de 30 segmentos profissionais e sociais diferentes.
Entre os participantes, estavam estudantes, defensores públicos, enfermeiros, policiais, professores, agentes de limpeza, jornalistas, funcionários dos Correios, da Companhia de Abastecimento de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) e do Departamento de Estradas e Rodagens (DER).
Os manifestantes se concentraram em dois pontos diferentes. Uma parte, que reuniu principalmente estudantes, ficou em frente ao Colégio Lyceu Paraibano. Já a outra permaneceu no Parque Solón de Lucena. Por volta das 15h, eles se uniram e seguiram juntos em direção ao Varadouro. A passeata passou em frente à Estação Ferroviária - que estava sem funcionar por conta da mobilização - seguiu pelo Terminal de Integração e foi em direção à Praça dos Três Poderes, onde o movimento foi encerrado. O percurso foi de três quilômetros e não teve incidentes. Cerca de 300 policiais foram mobilizados para acompanhar o protesto. Parte deles seguiu a pé, sem armas, portando apenas cassetetes.
Agentes da Superintendência de Mobilidade Urbana (Semob) e equipes do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) fizeram bloqueios, impedindo a passagem de veículos particulares e transportes públicos, nos trechos ocupados por manifestantes. “As intervenções no trânsito começaram antes mesmo do protesto. Mas, os acessos foram liberados à medida que a multidão ia passando”, disse o comandante do BPTran, tenente-coronel Paulo Sérgio Bastos.
O Terminal de Integração ficou fechado por mais de uma hora. Os ônibus que faziam o percurso pela Avenida Cruz das Armas não chegaram ao Centro. Eles foram desviados através da Avenida João Machado. Alguns passageiros tiveram que caminhar, por cerca de 100 metros, para embarcar nos coletivos. Já as linhas que percorrem pela Avenida Epitácio Pessoa fizeram desvios no Róger.
REIVINDICAÇÕES
Entre os manifestantes, estavam profissionais que lutavam contra mudanças trabalhistas. Redução de jornada de trabalho de 44 para 40 horas por semana, vale alimentação, melhores salários e passe livre nos ônibus para estudantes eram as principais reivindicações. Mais investimentos em saúde, educação e segurança também estavam na pauta.
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MANIFESTAÇÕES REUNEM MIL PESSOAS EM CAMPINA GRANDE
O Centro de Campina Grande parou ontem com uma caminhada de manifestação de cerca de mil trabalhadores e estudantes, que protestaram por uma cidade melhor. Entre apitaço e gritos, os manifestantes não deixaram o comércio funcionar e exigiram a liberação dos comerciários, que acabaram participando do ato público, que foi iniciado pela manhã, em frente às secretarias de Administração e Finanças, da Prefeitura Municipal de Campina Grande, se encerrando na Praça da Bandeira. Também ficaram sem funcionar bancos, escolas, Correios e universidade.
Com palavras de ordem, os manifestantes levantaram bandeiras, faixas e cartazes, pedindo diversas providências, entre as quais o fim do fator previdenciário; jornada de 40 horas semanais, sem redução salarial; mais investimentos para educação, saúde e segurança; reforma agrária; transporte público de qualidade e; fim do Projeto de Lei 4430, que regulamenta a terceirização no país.
Os trabalhadores municipais também participaram dos protestos e anunciaram uma greve nos setores de Educação e Saúde, a partir do próximo mês. Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municipais do Agreste da Borborema (Sintab) Napoleão Maracajá, já é certo que a maioria dos seis mil funcionários das duas áreas deverão aderir à greve.
Uma manifestação paralela também foi iniciada no campus da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), onde 200 estudantes, professores, servidores e participantes do Movimento dos Sem Terra (MST) marcharam em direção ao Centro da cidade, se unindo ao protesto geral.
As manifestações aconteceram de forma pacífica. Cerca de 150 policiais acompanharam os protestos para garantir a segurança.
Ontem era o primeiro dia do 'Liquida Campina ' e por conta do fechamento das lojas, a campanha prevista para encerrar dia 21 pode ser prorrogada. Além do comércio, os bancos, os Correios e as escolas também não funcionaram durante o dia de ontem. Mas, nos shoppings localizados no bairro do Catolé, o funcionamento das lojas foi normal.
RODOVIAS INTERDITADAS NA PB
Por conta das manifestações de ontem, cinco trechos de rodoviais federais na Paraíba foram bloqueados. As informações são da assessoria de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Na BR-230, os locais que tiveram o fluxo interrompido foram o Km 0, em Cabedelo (na Grande João Pessoa); o Km 458, em Sousa; e o Km 503, em Cajazeiras, ambos no Sertão. Já em Olho D'água (também no Sertão), a interdição ocorreu no Km 60 da BR-361 e em Caaporã, no Km 127 da BR-101. Neste último, localizado no Litoral Sul, na divisa do estado com Pernambuco, os manifestantes atearam fogo em pneus e fecharam a estrada por 6 horas.
Ainda de acordo com informações da PRF, em Cabedelo houve somente uma paralisação no tráfego de caminhões de carga vindos do porto. Em Mamanguape, no Litoral Norte, apenas um princípio de bloqueio, que não ocasionou sérios problemas na circulação de veículos. No final da tarde, todos os trechos já haviam sido liberados. (Isabela Alencar)
ATOS ESPALHADOS POR TODO O PAÍS
Em todo o país, manifestações foram registradas, ontem. Em Brasília, manifestantes que ocuparam todas as faixas da Esplanada dos Ministérios e caminham em direção ao Congresso Nacional. Os manifestantes fizeram uma parada em frente ao Ministério da Agricultura e farão um ato também em frente ao Ministério das Comunicações, para pedir a democratização da mídia. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 700 pessoas participaram do protesto. Os organizadores da manifestação estimaram 5 mil participantes.
No Rio de Janeiro, a Polícia Militar (PM) usou bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para afastar jovens que protestavam contra a prisão de um dos integrantes do grupo, na altura da Candelária. Dezenas de manifestantes concentrados na Candelária estavam com os rostos cobertos com capuz preto e alguns deles fumavam maconha na área de concentração da passeata. Os jovens atiraram paus e pedras nos militares, após a prisão de um manifestante.
Em São Paulo, o protesto chegou a reunir cerca de 7 mil pessoas e durou uma hora e meia. A caminhada começou na Avenida Paulista e a dispersão ocorreu na Praça Roosevelt, no Centro da cidade. (Informações da Agência Brasil)
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