VIDA URBANA
DMRI pode levar à cegueira
Degeneração Macular Relacionada à Idade é pouco conhecida e afeta principalmente aos mais velhos, causando perda total da visão.
Publicado em 19/08/2012 às 15:00
Pessoas com idade superior a 65 anos estão mais propícias à perda de visão e cegueira, causadas por uma doença ainda pouco conhecida: a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). É o que explica o oftalmologista Eugênio Dias.
Segundo o médico, a doença pode se manifestar de duas formas, sendo elas, atrófica (seca) e exudativa (úmida). “A forma seca está associada com a atrofia da retina central ou mácula (área dos olhos utilizada para as atividades que requerem uma visão mais apurada, como ler e reconhecer fisionomias). A úmida provém do crescimento anormal de vasos sanguíneos que derramam fluído e sangue. Esses vasos podem causar um tecido cicatricial (fibrose) que destrói a mácula”, disse.
De acordo com Eugênio Dias, a DMRI seca abrange cerca de 80% dos casos da enfermidade e geralmente não causa perda violenta e total da visão, porém para ela não existe tratamento farmacológico. Já na úmida, o tratamento com remédios é possível através de injeções, que inibem a formação de vasos anômalos na área macular da retina, que é a área responsável pela visão central diurna de cores e detalhes. Em ambas situações o tratamento dura cerca de cinco a seis meses.
“O tratamento para a forma seca se faz com a ingestão de vitaminas C e E, selênio, zinco e luteína, mas na úmida ele é feito com injeção intravítrea de anti VEGF (sigla em inglês para fator de crescimento de vasos endotelial), com três aplicações mensais (ranibizumab e pegaptanib sódica)”, pontuou.
Eugênio Dias disse que os sintomas estão relacionados à distorção de linhas retas, como o degrau das portas e prédios que começam a aparecer tortos, durante a leitura as letras se mostram borradas, e o principal fator é o aparecimento de uma mancha negra no centro da visão. De acordo com ele, os pacientes que não fazem exames de rotina, ao identificarem esses sintomas, busquem ajuda médica para que seja realizado um exame de retinografia fluorescente de fundo de olho para a certificação ou não da doença.
Segundo Eugênio Dias, a Doença Macular Relacionada à Idade pode se desenvolver por hereditariedade, tabagismo (fumo excessivo) ou fatores externos, como exposição excessiva ao sol e aos raios ultravioleta. Geralmente os sintomas são imunes a dor e representam impactos sutis, mas existem os casos que apresentam bastante dificuldade para ler, dirigir e reconhecer pessoas. Foi o que João Pedro (nome fictício) relatou que aconteceu com sua mãe, que foi obrigada a parar de lecionar porque adquiriu a DMRI úmida, ocasionada por hepatite diabética.
A ex-professora, 49 anos, lecionava em João Pessoa, até que os sintomas apareceram há aproximadamente seis meses e por falta de tratamento rápido e adequado, já teve perda da visão central. A afirmação é do filho João Pedro (nome fictício).
“Buscamos vários médicos para fazer o tratamento antes do avançar da doença, mas não obtivemos êxito, mesmo depois de ter gastado aproximadamente 26 mil reais com as injeções. Inclusive um oftalmologista aqui em João Pessoa, me orientou a buscar tratamento para minha mãe em Minas Gerais”, relatou.
João Pedro (nome fictício) disse que embora a mãe já tenha perdido a visão central, a esperança é de que a situação se reverta após tratamento em Minas Gerais. “Vou levá-la no próximo mês e lá ela passará por uma cirurgia para ver se reverte o quadro, pelo menos em parte da visão dela”, disse.
Para o oftalmologista Sydney Toscano, a cirurgia é a última alternativa para o tratamento da DMRI, pois é um risco, já que é retirada a membrana, manualmente.
O JORNAL DA PARAÍBA entrou em contato com os setores de regulação das Secretarias de Saúde do Município e do Estado, para obter informações sobre a disponibilidade da medicação para o tratamento da DMRI, mas até o fechamento desta edição não obtivemos retorno.
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