VIDA URBANA
Lixo sem descarte correto
Dados mostram que 74,9% das 3.405 toneladas (t) de resíduos gerados por dia, no ano passado, tiveram destinação final inadequada.
Publicado em 30/05/2013 às 6:00 | Atualizado em 13/04/2023 às 18:08
Na Paraíba, das 3.405 toneladas (t) de resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados por dia, no ano passado, 74,9% tiveram destinação final inadequada. Isso indica que apenas 852 t/dia de lixo tiveram o destino correto enquanto 2.553 t/d foram depositados de forma inadequada. Os dados são de um estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abralpe) e mostram ainda que apenas 2.754 t/ dia foram coletados por empresas, os demais sequer foram recolhidos.
A situação preocupante ocorre apesar dos planos municipais de gestão de resíduos sólidos ser uma das exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) para o manejo adequado do lixo, cujo prazo final de adequação é agosto de 2014.
Mesmo com a PNRS, as cidades da Paraíba esbarram nas dificuldades de implantar a gestão de resíduos sólidos, bem como cumprir o prazo estabelecido pelo governo federal, segundo o presidente da Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup), Rubens Germano (Buba). “O plano nacional de saneamento básico, que inclui abastecimento, drenagem, esgotamento sanitário e gestão de resíduos sólidos é uma obrigatoriedade para todos os municípios até 2014, mas o governo federal não dá o apoio financeiro, nem suporte técnico, para que essas cidades possam cumprir o prazo estabelecido.
Sem esse apoio, os municípios precisarão contratar pessoal para o setor técnico, o que irá gerar despesas e que os municípios não estão capacitados para arcar com esses custos”, afirmou.
Buba Germano sugeriu como solução para o descarte adequado do lixo coletado, um consórcio entre prefeitura e empresas privadas. “Poderia ser feita uma PPP (Parceria Público Privada), onde a empresa privada gerenciaria o aterro e o município ficasse responsável pela coleta e destino final dos resíduos sólidos. Mas atualmente, nossa maior preocupação é que o governo federal tem uma política pública que pulveriza os recursos, através de pastas como o Ministério das Cidades, do Meio Ambiente, Funasa (Fundação Nacional de Saúde), cujos recursos acabam não chegando aos municípios”, disse.
Por outro lado, o presidente da Famup ressaltou que a destinação final do lixo de forma inadequada pode ser reduzida com o apoio da população. “Também é preciso que a população tenha o entendimento de separar o lixo domiciliar do orgânico, já que 80% do lixo produzido nas residências é reciclável e apenas o restante é realmente o rejeito encaminhado aos aterros”, pontuou.
A reportagem tentou contato telefônico com a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), mas nenhuma de nossas ligações foi atendida, inclusive pela assessoria de comunicação.
JOÃO PESSOA
A Abralpe também realizou um levantamento junto a dez municípios da Paraíba, com dados de janeiro a outubro do ano passado, e mostrou que somente em João Pessoa foram coletadas 846,2 toneladas de RSU diariamente, o equivalente a 1,14 quilo/dia por habitante.
Segundo a diretora do Departamento de Valorização e Recuperação de Resíduos Sólidos (Devar) da Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur) de João Pessoa, Carol Estrela, o setor tem realizado ações para dar o destino correto ao lixo, como o projeto 'Emlur no Meu Bairro', que acontece todas as terças-feiras nos bairros da capital, onde os agentes de limpeza urbana recolhem os resíduos sólidos existentes na área e os educadores ambientais sensibilizam a população, simultaneamente.
Além disso, Carol Estrela disse que no Dia Mundial da Reciclagem, comemorado em 17 de maio, a Emlur lançou como projeto piloto o cartão 'Limpinho 3R', no bairro Bessa. “Os três 'R' quer dizer reciclar, reduzir e reutilizar, que tem o objetivo de incentivar a população a fazer a coleta seletiva na residência. E esse cartão tem uma bonificação em pontos, que varia de acordo com o peso prensado do lixo reciclável descartado, a fim de que esse material não precise ir para o aterro sanitário. A pontuação do cartão poderá ser trocada em supermercado, posto de gasolina, cabeleireiro e casa de show, mas os estabelecimentos ainda serão definidos e contratados, pois está em fase de pactuação”, ressaltou.
Carol Estrela acrescentou que o cadastro para o 'Limpinho 3R' é feito pela internet, através do site da Prefeitura Municipal de João Pessoa e que a Emlur pretende expandir o projeto. (Colaborou Luzia Santos)
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