CULTURA
Uma improvisada clássica para ouvidos refinados
Com um estilo pouco conhecido, porém instigante, "Trio Universos" se apresenta nesta segunda-feira na igreja de São Francisco.
Publicado em 13/11/2011 às 6:30
O show é feito com violino, violão, flauta e o computador. O Trio Universos faz uma música ‘eletroacústica’ num estilo pouco conhecido no país, chamado de ‘improvisação livre’. Parece brincadeira, mas fazer isso exige qualificação e conhecimento profundo de música. Até porque, notas não compõem uma canção sozinha e sem afinação. E é essa experiência vanguardista que os músicos paulistas vão apresentar nesta segunda (14), na igreja de São Francisco, em João Pessoa.
A improvisação exige escuta atenta, inventividade, rapidez de pensamento e sensibilidade suficientemente humilde para respeitar o coletivo. Poucos músicos se interessam por isso, mas Giuliana Audrá (flauta), Daniel Murray (violino) e Sérgio Kafejian (violão e computador) estão nisso desde 2008.
"Durante os concertos, passamos algumas informações sobre o gênero, sobre como se desenvolvem as improvisações e sobre a maneira através da qual exploramos nossos instrumentos" garante o compositor e intrumentista Sérgio Kafejian, em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA. "Com isso, o público se envolve com a proposta e começa a ter uma escuta ativa, que busca e reconhece elementos".
REFERÊNCIA MUSICAL
Há quem não considere o improviso um gênero, mas uma espécie de criação coletiva. O fato é que ele sempre esteve presente na música, basta citar o jazz ou mesmo a música clássica.
A Paraíba, capitaneada pelo curso de música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), segue nesse circuito. No mês passado, a instituição recebeu uma etapa do Festival Internacional Abaetetura de Improvisação Livre, que se encontra na segunda edição e é promovido anualmente pelo Centro Cultural São Paulo.
No país, além da capital paraibana, só Recife recebeu o evento, que promove shows, oficinas e intercâmbio com musicistas europeus, continente este onde o gênero já está consolidado.
Kafejian afirma que a UFPB é uma grande referência de produção e pesquisa musical, em todas as áreas. "No caso da música contemporânea e eletroacústica, a universidade tem um núcleo forte com compositores e pesquisadores como Eli Eri Moura, Didier Guigue, Marcílio Onofre, Valério Fiel da Costa, para citar alguns”, diz.
A turnê pelo país começou no mês de setembro, em Amparo (SP). Eles chegam a João Pessoa, depois de uma passagem pela capital pernambucana. E encerram a temporada em São Paulo, no dia 17.
A parceria surgiu depois que Daniel Murray pediu uma composição a Sérgio Kafejian para o CD que gravava. O trabalho foi ficando cada vez mais estreito quando Kafejian e Giuliana Audrá encerravam uma temporada de um ano na Inglaterra, onde conheceram a improvisação.
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