POLÍTICA
Partidos 'miram' redes sociais e tempo de TV
Partidos querem manter presença constante nas redes sociais e treinam militância para debates e apresentação de propostas.
Publicado em 25/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 02/02/2024 às 11:06
Apesar da disputa para ampliar o tempo de propaganda partidária na televisão, a maioria dos partidos já treina a militância para os debates e apresentação de propostas nas redes sociais, espaço que deve pautar debates políticos e servir de subsídio para os candidatos.
Segundo a especialista em mídias sociais Cândida Nobre, a participação dos candidatos nas redes sociais é importante, principalmente por ser um dos espaços onde a atenção de uma crescente parcela da população está depositada. “Neste sentido, ignorar o uso da rede significa deixar de falar com muita gente. Assim como o candidato ocupa outras mídias como a televisão, o rádio, o jornal e até mesmo as ruas com cartazes, painéis em paredes e carros de som, as redes sociais também devem estar no planejamento de campanha”, alertou Cândida Nobre.
A maioria dos partidos já entendeu a importância de manter presença constante nas redes sociais. Entre os pré-candidatos ao governo do Estado, somando Facebook e twitter, Cássio Cunha Lima (PSDB) lidera o número de seguidores nas redes sociais (216,803 mil), seguido pelo atual governador, Ricardo Coutinho (PSB), com 141 mil seguidores. Veneziano Vital (PMDB) ocupa a terceira colocação, com 38.348 seguidores, já o candidato do PSOL, Tárcio Teixeira, mantém 336 seguidores no twitter.
“A nossa fanpage é atualizada todos os dias, com ações do partido e trabalhos de todas as épocas. Vamos utilizar essas ferramentas para demonstrar quais são as propostas do nosso partido, participando de debates pelas redes sociais, inclusive porque isso já é feito diariamente. Não adianta estar nas redes sociais sem conteúdo, tem que ter o conteúdo e buscar divulgar e se relacionar”, disse o presidente do PSDB, deputado federal Ruy Carneiro.
TELEVISÃO
No entanto, Ruy Carneiro destacou a grande importância de manter presença na televisão, sobretudo nos comerciais, além da propaganda partidária gratuita. Apenas no dia 30, com a homologação de candidaturas e coligações, deve ser definido o tempo que cada partido terá na televisão.
Por enquanto, além de atrair partidos para somar forças nas próximas eleições, as legendas que disputam a eleição majoritária buscam ampliar o tempo de exposição no horário eleitoral gratuito. Segundo Ruy Carneiro, o espaço em televisão é importante também para se defender de prováveis ataques adversários. “Estamos lutando, dentro do possível, para aumentar o nosso tempo, porque nós temos que mostrar o que já fizemos, o que pretendemos fazer e até por estarmos liderando as pesquisas nós vamos ser muito atacados”, informou Ruy Carneiro.
O presidente do PSB, Edvaldo Rosas, avaliou que o tempo de exposição na televisão é importante, sobretudo, para mostrar à população os projetos desenvolvidos na gestão do governador Ricardo Coutinho. “Somos uma gestão muito operosa, que tem trabalhado muito. O tempo na televisão para nós é importante até para comparar nossa gestão com outros governos’, afirmou Edvaldo Rosas.
Pré-candidato ao governo do Estado pelo PMDB, Veneziano Vital do Rêgo considera que a participação dos candidatos na campanha deve ser de grande importância durante o processo eleitoral, e é natural se buscar uma mídia mais popularizada, para o discurso, exposição e apresentação de ideias. “É óbvio que a cada dia que passa as redes sociais terminam ganhando campo, mais espaço, e daqui a algumas eleições o quadro que hoje se verifica pode ser invertido. Hoje ainda há um peso bastante significativo dos guias eleitorais, as inserções eleitorais que permitem a exposição ao eleitor”, avaliou.
O ex-prefeito de Campina Grande ainda revelou ser natural que os partidos busquem ampliar seu tempo no guia eleitoral para fortalecer suas candidaturas. Nas redes sociais, Veneziano pretende unificar o discurso e estratégias de campanha. “De que maneira vamos falar e tratar cada tema. Essa atuação vai ser fundamental e importante. Eu espero que também possa agradar aos nossos internautas”, disse Veneziano.
CANDIDATOS BUSCAM 'ARENAS' DA WEB
Para a especialista em redes sociais Cândida Nobre, a utilização das redes sociais como ferramenta para que os candidatos possam ampliar o debate junto aos possíveis eleitores já não é uma novidade no Brasil. Segundo ela, após a primeira campanha de Barack Obama, em 2008, que foi bem sucedida, os candidatos no Brasil começaram a reconhecer a internet não apenas como uma possível mas, sobretudo, como uma eficaz arena de debates e disputas.
“O que muda de lá para cá, no entanto, é bastante significativo: o número de brasileiros conectados que cresceu exponencialmente e a atenção demandada às redes sociais; a profissionalização do mercado de propaganda e assessoria de comunicação para lidar com as plataformas digitais e os ativistas políticos que têm utilizado as redes para auxiliar a memória política do brasileiro, criando uma espécie de banco de dados onde qualquer um pode acessar o percurso político do candidato. Este último, inclusive se bem utilizado, pode ser decisivo na hora de fazer boas escolhas”, explicou Cândida Nobre.
Ao eleitor, Cândida Nobre recomenda atenção redobrada ao excesso de “contra-informação” gerado para as redes sociais. A orientação é para buscar sempre a veracidade do conteúdo publicado em relação aos candidatos. “Se o grande trunfo da rede é a possibilidade de qualquer um poder produzir conteúdo e informação, esta também pode ser a sua maior armadilha”, alerta Cândida.
Em relação aos candidatos, a especialista explicou que uma preocupação constante deve ser a transparência de suas ações. “A vida pregressa de um candidato pode ser facilmente acessada e isso o eleitor pode usar como um excelente mecanismo de poder de decisão”, concluiu Cândida Nobre.
UM 'EXÉRCITO' TREINADO PARA AS REDES
Pergunta, resposta, réplica, tréplica, além do confronto de propostas devem permear os debates nas redes sociais durante o processo eleitoral deste ano. Uma vigilância virtual, defesa capacitada e com fortes argumentos a serem publicados instantaneamente é o que pretendem alguns partidos que já treinam um exército de militantes para atuar nas redes sociais.
O PSB, do governador Ricardo Coutinho, iniciou uma série de seminários de formação em redes sociais para a militância socialista. As capacitações devem acontecer em todas as regiões do Estado. Segundo o presidente do partido, Edvaldo Rosas, a intenção é orientar os militantes sobre as formas de interagir nas redes sociais, sobretudo para qualificar o debate durante as eleições.
Outro partido que iniciou a capacitação da militância foi o PMDB. “Existem alguns segredinhos, maneiras que mais agradam, uma forma mais usual de se expressar. Uma linguagem mais acessível, detalhes que precisam ser levados em consideração na hora que você vai interagir com uma legião de possíveis multiplicadores”, explicou Veneziano Vital. De acordo com ele, nos últimos sete meses, filiados do partido têm participado diretamente de capacitações em redes sociais.
No mês passado, o PT realizou seminário voltado para as redes sociais, com a perspectiva de investir em uma linguagem moderna e atuação mais efetiva nas redes, fazendo com que o partido entre no processo das eleições de 2014, ciente da importância do papel nas mídias e nas redes sociais. A palestra da oficina de Cyberativismo foi comandada por Edsel Ferri, responsável pela coordenação da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff nas redes sociais.
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