A diva que a Paraíba exportou

Há mais de uma década, Isabel Barbosa saiu da Paraíba para brilhar nos palcos da Itália – o berço da ópera – com a sua voz de soprano.

A cantora lírica volta para sua terra de origem para comemorar os 30 anos de criação da Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba (OSJPB), com concerto gratuito que será realizado amanhã, às 20h, no Cine-Teatro Banguê do Espaço Cultural, em João Pessoa. A regência será do maestro Luiz Carlos Durier.

Com um repertório dedicado à ópera, obras como a "Abertura da ópera Don Pasquale”, do italiano Gaetano Donizetti (1797-1848), que remete à commédia dell'arte, "Alvorada em Dageraad”, do belga Willy Ostijn (1913-1993), três danças da ópera "A noiva vendida”, do compositor tcheco Bedrich Smetana (1824-1884), e "A fantasia Carmem, Op. 25 para violino e orquestra”, do espanhol Pablo Sarasate (1844-1908). Esta última será fortificada pelas técnicas de arco modernas apresentadas pela violinista paraibana Gabriela Queiroz, a solista convidada da noite.

Isabel Barbosa incorpora a personagem Lauretta de "O mio babino caro”, ária da ópera “Gianni Schicchi”, de Giacomo Puccini (1858-1924), onde pede a seu pai que aceite o amor que ela sente por um rapaz de família rival. Aliás, a soprano é a única cantora lírica brasileira a ingressar na italiana Academia Festival Pucciniano, instituição que promove o aprofundamento da interpretação de obras do compositor.

Isabel Barbosa também dará voz à "Melodia sentimental”, do carioca Heitor Villa-Lobos (1887-1959), obra que versa sobre o poema de Dora Vasconcelos, composta para o filme norte-americano A Flor que Não Morreu, de Mel Ferrer.

'NÃO SOU NADA'
Natural de Esperança, no Agreste paraibano, Isabel Barbosa está em uma grande fase na sua carreira, "muito intensa", nas palavras da soprano.

Um dos motivos, segundo a própria, é "Não sou nada", recital baseado no Livro do Desassossego, do português Fernando Pessoa (1888-1935). A obra inédita foi escrita especialmente para a diva paraibana pelas mãos do italiano Riccardo Riccardi. "Ele pegou a poesia de Pessoa e musicalizou para personalizar na minha voz", afirma Isabel.

Na Itália, o recital foi apresentado pela primeira vez em fevereiro deste ano, no Teatro Comunale Citta della Pieve. De acordo com a cantora lírica, "Não sou nada" será levado para o eixo Rio-São Paulo – e além-mar, em terras lusitanas – entre o segundo semestre deste ano e o início de 2013.

Além disso, está em produção um documentário sobre a vida da soprano. Isabel Barbosa - Voz de Esperança é produzido pela Eliro Produções e dirigido por Elinaldo Rodrigues. "Vamos concluir as gravações nas casas de ópera da Itália", avisa a cantora, que já tem o apoio do governo de lá para a conclusão do filme.

A produção descortina a sua realidade difícil no interior da Paraíba até o estrelato nos palcos europeus. A previsão para lançar Voz de Esperança é para o mês de dezembro.

Mesmo com o reconhecimento no país em forma de bota, Isabel confessa que deseja soltar a sua voz nos teatros municipais do Brasil, além de querer gravar discos e intensificar a atividade do canto lírico no Estado. "Desejo cantar 'La traviata' com o grande regente Riccardo Muti quando minha voz amadurecer."

INTIMISTA
No dia 21, Isabel Barbosa se apresentará com o pianista Guilherme Rodrigues, na Casa da Cultura e Memorial Severino Cabral, em Campina Grande.

No repertório da apresentação intimista para convidados, música de câmara espanhola, italiana e brasileira.

Serviço

• ISABEL BARBOSA. Cantora lírica paraibana é solista da apresentação da Sinfônica Jovem da Paraíba. No cine-teatro Banguê (Espaço Cultural, R. Abdias Gomes de Almeida, 800, Tambauzinho, João Pessoa – tel.: 3211.6281), amanhã, às 20h. Gratuito; a soprano também se apresentará com o pianista Guilherme Rodrigues, na Casa da Cultura e Memorial Severino Cabral (R. Getúlio Vargas, 343, Centro, Campina Grande), segunda, às 18h30. Para convidados.