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ECONOMIA

Mesmo sem roupas nem bolsos, naturistas aquecem economia

Turistas podem até estar sem roupas e, conseqüentemente, sem bolsos, mas na hora de comprar, eles abrem as mãos e o dinheiro aparece.

Publicado em 10/09/2008 às 8:19

Karoline Zilah

Quem pensa que naturista anda sem lenço e sem documento, nada no bolso e nas mãos, está enganado. A realidade é que o Congresso Internacional de Naturismo, que acontece até a próxima sexta-feira (12) na praia de Tambaba, no município do Conde, pode significar uma injeção econômica considerável para o mercado paraibano.

No evento, os turistas podem até estar sem roupas e, conseqüentemente, sem bolsos, mas na hora de comprar lembranças, consumir o artesanato local e aproveitar as paradisíacas pousadas regionais, eles abrem as mãos e o dinheiro aparece. Confira no vídeo ao lado os depoimentos dos naturistas.

A organização do evento ainda não calculou o valor que será movimentado em termos de diárias de pousadas, alimentação e gastos em mercados populares, mas antecipou que, para Tambaba, resta o lucro. A praia foi escolhida para sediar o congresso por apresentar a melhor infra-estrutura para acomodar cerca de 2,5 mil turistas de países da Europa e das Américas, tendo concorrido com praias da Itália, Ucrânia e Estados Unidos e se tornado a primeira no Brasil a receber o evento.

Quatro hotéis e pousadas do Conde estão reservados exclusivamente para os congressistas, o que garante a renda durante a baixa temporada. É o caso da Pousada da Concha, cuja proprietária, a suíça Susanne Cassol, é naturista assumida. A empresária que conheceu Tambaba há 18 anos resolveu fixar-se no Brasil após sucessivas temporadas de Verão e garante que já está acostumada com a prática. Para ela, não é nenhum sacrifício disponibilizar o seu empreendimento para que os 28 visitantes circulem despidos a qualquer hora do dia.

Para ver uma galeria de fotos de Tambaba, clique aqui.

Porém, ela conta que algumas adaptações tiveram que ser feitas, principalmente quanto ao treinamento dado aos seus empregados para que eles pudessem recepcionar de forma adequada os naturistas. “Antes de tudo, deixei claro que eles tinham a escolha de trabalhar ou não nesta semana do congresso. A surpresa é que todos eles se dispuseram a trabalhar”, comenta.

A garçonete Verônica Mota Duarte explica que o treinamento foi aplicado à base de conversas francas sobre o assunto para que os funcionários não se sentissem constrangidos. “Fomos instruídos a não rir dos hóspedes, mas a gente se acostumou rápido com a situação e não aconteceu nada de inusitado até o momento”.

Já a recepcionista Maria das Graças Alves explica que, mesmo sendo casada, teve o aval do marido para trabalhar durante o congresso. “Nessas horas, o profissionalismo fala mais alto. É até uma oportunidade da gente se qualificar e permanecer preparado para outras ocasiões como esta, oferecendo o maior conforto possível aos naturistas”, explica.

Do hotel para a areia, o sorveteiro Isaac Gabriel circula com o seu carrinho sem nenhuma roupa de banho. É que, para garantir uma renda extra, ele atravessou pela primeira vez o portão que separa a área de nudismo e resolveu entrar no clima dos visitantes. “Não tenho frescura, o que importa para mim é ganhar um dinheiro a mais. Sem contar que todo mundo aqui é gente boa e até agora eu não flagrei nada de mais”, revela o sorveteiro em meio a risos.

E os investimentos não param por aí. Na praia foram instalados chuveiros com água doce, banheiros químicos, médico, ambulância de plantão, lojas de conveniência, tendas de massagens e segurança 24 horas. A Feira Mix do mercado Capim Fashion também está presente no evento, com 18 estandes comercializando artesanato, bijuterias, bolsas, decoração, artes plásticas e discos, além de tendas de massagens, malabares, pequenas performances teatrais e outras atrações.

Questionado sobre como a atividade colabora para a economia local, o presidente da Federação Internacional de Naturismo, George Volak, faz uma analogia com a indústria do naturismo nos Estados Unidos. “É um mercado que apresenta um crescimento de 40 milhões de dólares por ano. Para os empresários locais, é vantajoso porque os turistas daqui têm as melhores praias do mundo. Ao invés de ir a Miami, pessoas de todo o mundo estão escolhendo vir à Paraíba”, diz.

Os visitantes que movimentam a economia local não estão apenas preocupados em aproveitar a paisagem e o calor brasileiro. De acordo com o presidente da Federação Brasileira de Naturismo, Elias Alves Pereira, os congressistas reunidos querem discutir a expansão da prática e fixar uma política, ajustando, por exemplo, determinados termos de conta, já que o país ainda estaria “engatinhando” neste sentido.

Imagem

Jornal da Paraíba

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