VIDA URBANA
Sete mortes aconteceram em Campina Grande
Mulheres não eram do município, mas foram atendidas no Isea e Hospital da Clipsi. Casos estão sendo investigados pela Saúde.
Publicado em 28/04/2015 às 6:00 | Atualizado em 14/02/2024 às 12:31
Em Campina Grande, que conta com três maternidades públicas e atende mulheres de várias cidades, a situação é ainda mais alarmante. Dos 12 óbitos maternos já ocorridos até agora, no Estado, mais que o dobro da totalidade, sete, aconteceram na cidade. Seis deles no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea) e um no Hospital da Clipsi. No entanto, das mulheres falecidas, nenhuma residia em Campina Grande.
A secretária de Saúde do município, Luzia Pinto, comentou que os casos acontecidos na cidade estão sendo investigados e merecem atenção da Secretaria Estadual de Saúde. “A Secretaria de Saúde tem alertado o Estado, esse evento também já é em decorrência disso porque desses seis óbitos, nenhum foi do município de Campina Grande. São óbitos de municípios que encaminham suas gestantes para a cidade e quando chegam na unidade de referência, pouco se tem a fazer pela mulher, em virtude de um pré-natal inadequado”, afirmou.
Já a gerente da 3ª Regional de Saúde, Tatiana Medeiros, destacou que nenhum gestor pode se eximir da causa dos óbitos antes do término das investigações. “Sete casos de óbito aconteceram na 3ª Gerência Regional de Saúde, não foram de mulheres residentes em Campina Grande, mas aconteceram nos hospitais da cidade. Tudo isso está sendo investigado pelo Comitê Regional de Morte Materna e Infantil da 3ª Gerência, assim como pela SES e pela própria Secretaria Municipal de Saúde de Campina (SMS)”, disse.
ÚLTIMO REGISTRO FOI NO DOMINGO
Entre os casos de morte materna registrados este ano em Campina Grande, o mais recente ocorreu no último domingo, no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea). Conforme a direção da maternidade, a paciente Maria das Vitórias Araújo Costa, 36 anos, era diabética e deu entrada no hospital apresentando um quadro grave de infecção urinária. A direção também informou que quando a gestante chegou ao hospital o feto, do sexo feminino, já estava morto.
Maria das Vitórias era natural do município de Picuí, no Seridó paraibano, e estava com 33 semanas de gestação. Ao contrário do que informou a direção, o marido da paciente, José Adriano Severo, disse que não entende o que aconteceu, pois relatou que, apesar de ser diabética, a esposa estava bem quando deixou a cidade para procurar o Isea.
“Até onde eu sei ela estava bem, até porque antes de sair de Picuí ela foi atendida e estava tudo certo, inclusive disseram que ela não estava com infecção urinária. Depois que ela chegou no Isea, a médica me falou que ela estava melhorando e iria retirar em pouco tempo o tubo da respiração, mas depois de pouco tempo disseram que ela morreu”, afirmou.
Ao falar sobre o ocorrido, a diretora do Isea, Marta Albuquerque, disse que após a verificação do quadro e a constatação da morte do feto, a paciente passou por cirurgia, mas acabou morrendo pouco tempo depois, devido à gravidade da infecção.
“A situação era muito séria, pois essa paciente era portadora de diabetes tipo 1 há muitos anos, fato que por si só já representa uma complicação. Além disso, quando ela procurou a maternidade, já chegou com o feto morto e com um quadro grave de infecção urinária, o que complicou bastante a situação”, pontuou a diretora, esclarecendo que o pré-natal não foi realizado no Isea, mas sim na cidade de origem da paciente.
A reportagem também procurou a Secretaria de Saúde de Picuí, mas ninguém foi localizado para falar sobre o assunto. (Colaborou Déborah Souza)
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