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CULTURA

Lima Duarte em capítulos

Ator Lima Duarte fecha o 'Augusto das Letras' com depoimento sobre os filmes baseados em obras literárias de cujo elenco já participou.

Publicado em 28/09/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 17:46

Mais que um intérprete de atributos inegáveis, Lima Duarte é também um leitor ávido: "Ele tem uma carga impressionante de leitura e é bastante crítico com relação às adaptações de personagens da literatura que levou ao cinema", diz o jornalista Amilton Pinheiro.

Amilton está acompanhando Lima Duarte em sua viagem a João Pessoa. O ator fecha hoje o Augusto das Letras, evento que o coloca como destaque da programação que tem lugar a partir das 19h30, na Usina Cultural Energisa.

Lima Duarte apresenta ao público um depoimento sobre os filmes baseados em obras literárias de cujo elenco já participou. Em um telão, serão exibidos trechos destes filmes selecionados por Amilton Pinheiro, organizador da mostra que homenageou os 60 anos de carreira do ator mineiro em São Paulo, no ano de 2009.

"Para o bem ou para o mal, a trajetória de Lima Duarte na televisão subjugou toda a longa história que ele construiu no cinema e no teatro", opina Amilton, que destaca a participação em filmes pouco conhecidos como Guerra Conjugal (Brasil, 1976), do diretor Joaquim Pedro de Andrade, baseado na obra de Dalton Trevisan.

Ou outra passagem mais famosa, porém controversa: o papel de Noronha de Os Sete Gatinhos (Brasil, 1980), do diretor Neville de Almeida, baseado na obra de Nelson Rodrigues (1912-1980). Segundo Amilton Pinheiro, Lima Duarte não gosta do filme.

"Ele acha a peça genial, mas diz que não gostou do filme e que ele foi mal adaptado. Na mostra que organizei para o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), eu coloquei a opinião dele no programa e isso causou um certo constrangimento com o Neville, que leu o programa", revela o jornalista.

Para ele, o grande momento de Lima Duarte no cinema, contudo, foi em Sargento Getúlio (Brasil, 1983), filme de Hermanno Penna, baseado na obra de João Ubaldo Ribeiro, cujo lançamento nos cinemas comemorou três décadas este ano e recebeu homenagens no 41º Festival de Gramado, no mês passado.

"Foi só a partir dele que a crítica passou a reconhecer Lima Duarte como um ator de cinema, embora àquela altura ele já tivesse trabalhado com grandes diretores como Ruy Guerra (em 1976, no longa A Guerra)", conta. "Trata-se de um preconceito da crítica contra o ator genuinamente de televisão."

O jornalista (que é paraibano e mora há 17 anos em São Paulo) e o ator nutrem um outro projeto comum: o de levar às telas a história do cemitério da Consolação, onde estão enterrados escritores modernistas e personalidades da sociedade brasileira. Lima Duarte interpretaria um coveiro que conhece o passado dos mortos.

"Lima Duarte é um ator grandioso que, acima de tudo, observa as coisas da vida, enxerga as pessoas e consegue passar isso para os seus personagens", elogia o amigo.

OUTROS ESPAÇOS

A agenda de encerramento do Augusto das Letras também ocupará outros dois espaços hoje: no Casarão 34, às 8h, haverá uma oficina de literatura infantil com o escritor Léo Barbosa. Na APL, às 15h, palestra de Carlos Aranha sobre Vinícius de Moraes (1913-1980). Ao final de todas as atividades, já na Energisa, o músico Gustavo Magno dará uma mostra de seu repertório no show Eu e Outras Músicas.

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Jornal da Paraíba

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