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ECONOMIA

Reflexos da crise: serviços de consertos são alavancados em JP

A prática traz mais economia ao orçamento familiar e alavanca o faturamento de alguns segmentos do setor de serviços na Paraíba.

Publicado em 13/09/2015 às 16:00

Com menos dinheiro no bolso, consumidores paraibanos estão optando cada vez mais em reparar itens como calçados, móveis, bolsas e acessórios. A prática traz mais economia ao orçamento familiar e alavanca o faturamento de alguns segmentos do setor de serviços na Paraíba. Há casos, como o de dona Orleda Barroso, em que o incremento na receita de janeiro a agosto chegou a 80% comparado ao mesmo período do ano passado.

Esse é um dos reflexos da desaceleração econômica, que por um lado retrai o consumo no comércio e por outro beneficia alguns nichos de mercado. “As pessoas falam em crise, mas eu não tenho do que reclamar. A receita mensal da loja aumentou 80% este ano”, declarou a empresária, que há oito anos trabalha no Centro de João Pessoa recuperando malas, calçados e acessórios.

E não é apenas consumidores de menor poder aquisitivo que estão em busca destes profissionais. A classe média também está evitando a compra de produto novo e economizando. A advogada Cristina de Almeida, moradora do bairro do Brisamar, garante que são muitas as vantagens deste serviço.

“Do jeito que está a economia, não podemos desperdiçar nada. Mandei consertar um tênis que descolou o solado. O trabalho custou apenas R$ 15 e ele ficou em perfeitas condições de uso. Com isso evitei comprar outro. Então ficou muito mais barato”.

O microempreendedor Alisson Cabral também é adepto da ideia. “Minha esposa colocou uma bolsa para consertar. Vale muito a pena fazer esta opção quando o objeto está em bom estado e tem uma pequena avaria. A bolsa pequena custou cerca de R$ 120 e o serviço R$ 10”.

Na área de mobiliário, o negócio também está prosperando. Na oficina de Francisco de Assis de Sousa, 51 anos de idade e 25 anos atuando no ramo de restauração e fabricação de móveis, o incremento na receita foi de 30% no acumulado deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, não é qualquer peça que pode ser recuperada.

“Só vale a pena consertar móveis de madeira. Os antigos geralmente têm melhor qualidade. Para quem faz esta opção, a economia em relação à compra de um novo é de aproximadamente 60%. Por isso a procura está grande, principalmente este ano”, enfocou.

Outro empreendedor que comemora a boa fase no negócio é Marco Antonio Alves da Silva, proprietário da oficina de conserto de bolsas, calçados e acessórios CTI dos Consertos, no Centro da capital. Por semana, ele recebe cerca de 200 peças do público, e o valor do conserto varia de R$ 3 a R$ 80. Entre os trabalhos realizados estão colocação de salteira, colagem de solado, pintura e costura de bolsas.

“A maior parte dos clientes é mulher. Mesmo com o aumento de 30% na quantidade de clientes este ano em relação ao ano passado, percebo que tem gente que manda restaurar um item e demora muito a pagar por falta de dinheiro. Depois de uns meses sumido, vem e paga”.

Ezequiel Francisco Quaresma, que trabalha no mesmo ramo, contou que a receita teve incremento de 30% no acumulado dos oito meses do ano e o preço máximo do serviço é de R$ 80. “Muitas pessoas não fazem questão de pagar este valor porque geralmente recebo produtos de marcas caras, que custam cerca de R$ 400 na loja. Por isso, compensa”, acrescentou Ezequiel Quaresma.

Chance para fidelizar negócio

As oportunidades de negócios não se restringem aos pequenos empreendimentos, o momento pode ser favorável para as grandes empresas, lembra o economista Alexandre Lyra Martins, coordenador do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Para ele, este nicho econômico pode aumentar sua participação no mercado a partir de agora. “As melhores oportunidades também aparecem para o grande capital, que em momentos de crise pode aproveitar para, por exemplo, comprar empresas fragilizadas e aumentar sua participação no mercado. No fim, os participantes do jogo econômico têm que ficar atentos, tanto na fase do crescimento quanto na de dificuldades”, comentou.

Ele lembra que o importante no momento é tentar estabelecer o lugar da empresa no mercado, adotando práticas mais eficientes e de qualidade já que a concorrência está atenta aos movimentos da economia buscando melhores colocações no ranking de desempenhos. “As crises são momentos de seleção. Nessa fase, os erros, sejam de estratégia ou de decisões imediatas, não são perdoados e podem custar o negócio, pois a demanda está contida. As decisões devem ser ponderadas e focadas em estatísticas gerais e específicas do setor, além de análises sobre o mercado”.

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Jornal da Paraíba

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