Queda da safra de grãos chega a 90,9% na PB

Sob efeitos da estiagem, a Paraíba apresentou a maior queda do país na estimativa da safra de grãos deste ano. A redução será superior a 90%, segundo o novo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado ontem.

A produção despencou das 144,8 mil toneladas (t) da safra de 2010/2011 para as atuais 13,2 mil t. Segundo os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Estado contabilizou, até agora, o terceiro pior volume de grãos dos últimos 14 anos. Antes, os piores efeitos da estiagem foram sentidos na safra 97/98, quando somou 8,5 mil toneladas, e no de 2009/2010, com 10,9 mil t.

Na penúltima pesquisa, que considerou a produção até junho, a redução era de 84,7%, com safra de 22,2 mil toneladas de grãos – ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte (-89,9%) e do Ceará (-87,5%). No entanto, com incidência severa da seca, o Estado caiu neste ranking e também reduziu em 60,8% sua produtividade (de 439kg/ha para 172 kg/ha) e em 76,8% sua área de plantação (saindo de 329,9 mil hectares para 76,6 mil hectares).

As duas maiores produções em grãos do Estado (milho e feijão) registraram fortes retrações. O milho terá produção de apenas 7,5 mil t ante 97 mil t do ano passado, enquanto o feijão de pouco mais de 4,9 mil t contra 44,7 mil t de 2011.

De acordo com o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Paraíba (Fetag), Liberalino Lucena, não houve produção no Sertão, Cariri e Curimataú neste ano. “Mesmo o Litoral e o Brejo que apresentavam expectativas um pouco melhores para o segundo semestre, permanecem em situação de risco. A produção de subsistência está sob forte ameaça”, comentou.

Diante deste quadro, o governo estadual, conforme explicou o secretário de Agricultura e Pesca, Marenilson Batista, disponibilizou recursos para a distribuição de 19 mil toneladas de ração para o gado dos agricultores com menos de 30 cabeças.

“São 10 pontos de entrega para aqueles produtores que perderam o plantio. O governo tem trabalhado em prol deles oferecendo ainda assistência técnica para o crédito-estiagem”, disse.

Quanto a isto, o presidente da Fetag reiterou sua opinião de que, apesar da ajuda servir para àqueles que não tem nada, o auxílio governamental é insuficiente diante da necessidade do produtor paraibano. “A previsão é que a estiagem siga até janeiro do ano que vem, então imagine a situação dessas pessoas que sequer tem água para beber?”, questionou.

RECORDE NO PAÍS
Os dados referentes à Paraíba, por outro lado, contrariam aquilo que é observado no cenário nacional. Neste levantamento do Conab, o país alcançou recorde da safra de grãos com 165,92 milhões de toneladas. A produção estimada é 1,9% superior à obtida na safra 2010/11, quando atingiu 162,8 milhões de toneladas.