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COTIDIANO

Lindemberg questionava Eloá sobre fim do namoro, diz Nayara ao juiz

Réu foi retirado da sala do fórum de Santo André a pedido da testemunha. Everton, irmão da vítima, afirmou que o acusado era ciumento e possessivo.

Publicado em 11/03/2011 às 14:19 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:32

Do G1

A estudante Nayara Rodrigues, sobrevivente do sequestro de mais de cem horas que culminou com a morte de sua amiga Eloá Pimentel num apartamento em Santo André, no ABC, em 17 de outubro de 2008, afirmou nesta sexta-feira (11) no fórum da mesma cidade que o acusado do crime, o paraibano Lindemberg Alves Fernandes, sempre questionava a vítima sobre o término do namoro.

A informação é da assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A imprensa não teve autorização para acompanhar os cinco depoimentos das testemunhas de acusação programados para esta sexta.

O ex-namorado de Eloá é réu no processo no qual responde por sequestro, assassinato, tentativa de homicídio de Nayara e de um policial militar, além de cárcere privado de mais dois adolescentes que estavam no imóvel.

Nayara falou durante 1 hora e 25 minutos sem a presença de Lindemberg na sala do juiz. Ela pediu a retirada do réu e foi a primeira das testemunhas a falar sobre o caso Eloá nesta sexta. Ainda segundo o TJ-SP, a adolescente também descreveu como foram os dias em que ela e a amiga foram mantidas reféns por Lidemberg, que mudava constantemente de humor.

O depoimento de Nayara começou às 10h10 e terminou as 11h35. Em seguida, foi ouvido o irmão de Eloá, Everton Douglas Pimentel, que das 11h40 às 12h25 falou que Lindedemberg era ciumento e possessivo com a ex-namorada. Também afirmou que era amigo do réu e que chegou a negociar a libertação da irmã com Lindemberg por telefone. O réu acompanhou esse depoimento.

A audiência de instrução começou a ser refeita por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A Justiça paulista terá de decidir mais uma vez se Lindemberg, acusado de matar Eloá com dois tiros, irá ser submetido a julgamento popular pelo crime. A sentença, no entanto, não deverá ser dada nesta sexta.

Crimes

Preso preventivamente desde o crime na Penitenciária de Tremembé, no interior do estado, Lindemberg também responde por tentativa de homicídio e lesão corporal contra a amiga de Eloá e tentativa de assassinato contra um policial militar. Nayara foi baleada no rosto e o então sargento Atos Antonio Valeriano quase foi atingido por um disparo. A perícia feita pela Polícia Técnico-Científica mostrou que os disparos foram feitos pelo réu.

Além disso, Lindemberg é acusado de manter sob cárcere privado a sobrevivente Nayara e mais dois adolescentes que estavam no imóvel, Victor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira.

Testemunhas de acusação

Além de Nayara e de Everton, mais três vítimas citadas acima deverão ser ouvidas nesta sexta na condição de testemunhas da acusação. De acordo com o TJ-SP, a ordem dos depoimentos seguirá com Victor, Iago e Atos.

Outras cinco pessoas arroladas pela acusação deverão ser ouvidas nos próximos dias. Todas serão interpeladas pelo juiz José Carlos de França Carvalho, Ministério Público e defesa do réu.

Segundo a assessoria de imprensa da Promotoria, as outras cinco testemunhas são: 1) o capitão Adriano Giovanini, do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da PM que negociou com o sequestrador a libertação dos reféns; 2) o policial militar do Gate Paulo Sérgio Schiavo; 3) o irmão de Eloá, Ronickson Pimentel dos Santos, que deve reafirmar que Lindemberg era um namorado possessivo;4) a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel da Rocha; 5) o delegado Sergio Luditza, que era titular do 6º Distrito Policial, em Santo André, e investigou o caso, indiciando Lindemberg.

De acordo a advogada de defesa, Ana Lúcia, Lindemberg foi orientado a não falar naquela ocasião porque o juiz deixou de ouvir dois policiais militares que participaram da invasão do apartamento e rejeitou análise de depoimentos e laudos.

“Ele [Lindemberg] não falou naquela oportunidade por conta das irregularidades que aconteceram naquela data na audiência de instrução. A defesa entrou com recursos jurídicos para que a audiência fosse anulada e refeita”, disse Ana Lúcia.

Segundo ela, seu cliente dará nesta próxima audiência a sua defesa quando for questionado pelo juiz. “Espero e acredito que o estado/juiz aja em observância a paridade de armas. Em outras palavras, que tanto defesa e acusação tenham as mesmas oportunidades para demonstrar cada uma a sua verdade”, disse a advogada, que, entretanto, não adiantou qual será a versão de Lindemberg.

O caso

Eloá Cristina Pimentel, sua amiga Nayara Silva e mais dois adolescentes foram feitos reféns por Lindemberg no dia 13 de outubro de 2008 no apartamento dos pais da vítima em Santo André.

Os dois jovens foram libertados no mesmo dia e as duas meninas seguiram no apartamento. Nayara deixou o local no dia 14, mas retornou no dia 16 após uma tentativa frustrada de negociação com a Polícia Militar.

No dia seguinte, a polícia invadiu o apartamento e as duas acabaram baleadas. Eloá morreu atingida por dois tiros e Nayara ficou ferida.

Imagem

Jornal da Paraíba

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