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VIDA URBANA

Rio Paraiba não suporta retirada de areia

Associação alerta para degradação do meio ambiente por meio da retirada descontrolada de recursos não renováveis.

Publicado em 04/12/2011 às 8:00


Para o ambientalista João Batista Silva, membro da Associação Paraibana dos Amigos da Natureza (Apan), o rio Paraíba não suporta o excesso de retirada de areia. “Esses recursos naturais não são renováveis e sua retirada descontrolada degrada o meio ambiente”, disse. Ele explicou que a areia se comporta como uma esponja que segura a água, principalmente nos períodos de seca. “Sem a areia, quando o rio seca, fica só pedra. Isso contribui para o aumento da área de desertificação do Estado”, disse o ambientalista.

João Batista esclareceu ainda que nessa região do semiárido, diversos fatores estão contribuindo para a desertificação: a chuva que cai é pouca, com o intenso calor evapora rapidamente, e a ausência da “esponja” natural (areia) para segurar a água. “Portanto, com esse uso desordenado do solo, aumenta o processo de desertificação na Paraíba, que já tem 75% de sua área nesse processo”, afirmou. Ele lembrou também que em maio deste ano, o governo estadual lançou o Plano de Ações Contra a Desertificação. “O que está sendo feito no rio Paraíba é totalmente contra esse plano. É um contrassenso”, disse o ambientalista.

Negócio lucrativo
Apesar dos funcionários e proprietários das empresas de extração de areia não confirmarem os valores, agricultores e moradores da região afirmam que a procura pela areia do rio Paraíba tem crescido por ser um negócio altamente lucrativo.

Segundo especulações de moradores, o negócio funciona da seguinte forma: o proprietário da terra por onde passa o rio concede a extração de areia a uma empresa, que instala as dragas, faz a retirada e paga R$ 150,00 por cada caminhão caçamba retirado ao dono da terra.

Essas caçambas são vendidas em Pernambuco por cerca de R$ 600,00. Os moradores estimam que apenas em uma das áreas de Pilar, a que está sendo mais explorada e onde há as montanhas de mais de dez metros de areia, sejam retiradas diariamente em torno de 15 caçambas.

No entanto, o artigo 99 do Código Civil classifica os bens públicos em: bens de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças. Dessa forma, apesar dos proprietários terem a terra, o rio não pertence a eles.

João Batista explica que para um empreendimento promover o desenvolvimento sustentável, precisa estar embasado em quatro pilares: ser ambientalmente correto, ser socialmente justo, respeitar a cultura local e ser economicamente viável. “O caso da extração de areia no rio Paraíba só atende o último pilar: economicamente viável. Além do problema ambiental, essa exploração causa problemas sociais, pois está prejudicando os moradores da região”, disse.

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Jornal da Paraíba

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