Prometheus: eram deuses astronautas?

A expectativa do retorno de Ridley Scott às suas origens da ficção científica – bem sucedidas na direção de Alien - o 8º Passageiro (1979) e Blade Runner (1981) – se voltavam no lançamento de Prometheus (idem, EUA, 2012), prelúdio do filme que tornou conhecido o seu nome e que estreia nesta sexta-feira nos cinemas de João Pessoa e Campina Grande.

O realizador debutou com Os Duelistas (1977) e despontava como um promissor cineasta no meio de Hollywood. O começo da franquia Alien também foi assim: a mistura de suspense, terror e sci-fi (herança da literatura batizada de ‘dark fantasy’, presente em obras como as escritas por Ray Bradbury, morto semana passada) tinha como premissa um cargueiro espacial de minério (chamado Nostromo) investigando um sinal vindo de um planeta desconhecido.

O grupo se depara com uma gigantesca nave de um astronauta com cabeça em forma de elefante, morto com o tórax estourado de dentro para fora.

Investigando o local, um ser parecido com um ‘caranguejo’ sai de uma espécie de ovo grotesco e adere o rosto de um deles.

Voltando a Nostromo, o ser morre e desprende da vítima. Algum tempo depois, a criatura selvagem de sangue ácido ‘eclode’ no peito de seu hospedeiro. Nascia ali, um dos mais famosos monstros da ficção científica hollywoodiana, ao lado do Predador (não é à toa que já dividiram juntos uma série de filmes e HQs).

Os alienígenas criados pelo suíço H.R. Giger (que montou até um bar com o mesmo ‘clima’) são criaturas baseadas na sexualidade humana, seja na aparência fálica dos aliens, seja na ‘coroa’ que simboliza o sexo feminino da 'mãe' dos monstros, mostrada nos outros filmes da franquia.

Quando a tenente Ripley (Sigourney Weaver) e cia. – sem nenhuma arma convencional – se preparavam para enfrentar a criatura, o que foi deixado para trás foram várias dúvidas: de onde veio tamanha ferocidade e selvageria extraterrestre? Quem era aquele ser parecido com um elefante, batizado de ‘Space Jockey’? Quais eram seus objetivos? Questões que supostamente seriam desvendadas em Prometheus.

SEQUÊNCIAS 'ALIENS'
A franquia seguiu com outro ‘estreante’, James Cameron, vindo de filmes como Piranhas 2 - As Assassinas Voadoras (1981) e O Exterminador do Futuro (1984). Atualmente, duas produções do canadense, Titanic (1997) e Avatar (2009), ocupam os dois primeiros lugares das maiores bilheterias de todos os tempos.

A saga de Ripley, única sobrevivente da Nostromo, começava a criar seus laços de mitologia cinematográfica de terror e ficção científica em Aliens - O Resgate (1986), mostrando o monstro atacando em bando e apresentando pela primeira vez a gigantesca Rainha Alien, cujo embate final com Ripley foi ‘no braço’ mecânico de um robô.

Quando veio o terceiro filme, querendo voltar ao clima de suspense de Scott, o debute de David Fincher na cadeira de diretor foi com o pé esquerdo, por causa do roteiro passado por uma dúzia de mãos e uma série de atrasos (depois ele viria a fazer um de seus melhores filmes, Se7en).

Quando fez Alien³ (1993), uma careca Sigourney Weaver já estava eternizada no gênero pela sua personagem e exigia: não queria usar armas pesadas, nem a ‘força física’ realizada no filme antecessor, além de impor que este seria o último da série. O resultado foi a morte da personagem nos caldeirões ferventes do planeta-prisão aonde veio parar, segurando nos seus braços uma Rainha Alien, recém brotada do seu tórax.

Weaver voltou atrás e protagonizou o quarto filme da franquia, dessa vez passados dois séculos no futuro e a personagem transformada em um poderoso clone com DNA Alien. O filme voltou ao clima de ação do segundo com muitas criaturas e com um diretor 'desconhecido' da meca hollywoodiana, Jean-Pierre Jeunet, que dependia de um intérprete para passar suas ordens e perspectivas (como Fincher, o francês viria a fazer posteriormente um de seus grandes filmes, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain).

O contrato assinado pela Weaver previa a sua participação em duas possíveis continuações da série. Nunca realizadas, o Alien foi procurar briga com o Predador nos anos 2000.

ANTES DO COMEÇO
Na mitologia grega, Prometheus é um semideus que queria promover a igualdade entre os seres divinos e os homens.

Na produção, batizada com o mesmo nome, uma nave com cientistas terráqueos vai investigar o ‘mapa estelar’ deixado em várias eras e lugares do mundo traduzido nas pinturas rupestres das cavernas.

Baseado no livro Eram Os Deuses Astronautas? (1968), o filme conduz a teoria defendida pelo autor suíço Erich von Däniken de mãos dadas com o evolucionismo, onde preserva quem é o mais forte em uma cadeia alimentar.

Com os problemas durante a fase de pré-produção, o cineasta preferiu optar por transformar o filme em algo 'independente', mas ainda contendo o "DNA de Alien".

Antes da sua estreia, Scott cogitou uma possível continuação, já que elementos do enredo foram deliberadamente deixados sem solução.