ECONOMIA
Sem água, municípios paraibanos amargam prejuízos na agricultura
Última reportagem sobre a crise hídrica na PB mostra como agricultores lidam com perdas da lavoura na estiagem prolongada.
Publicado em 21/08/2015 às 6:00
Os últimos 4 anos trazem lembranças desagradáveis para os produtores rurais, que amargaram fortes prejuízos financeiros, que inclui, dentre outras coisas, perdas de lavoura e rebanho. Nas cidades, a população já clama por água para sobreviver. Dos 223 municípios paraibanos, 197 estão em situação de emergência. A crise hídrica e os efeitos da Seca no Estado encerram a série de reportagens sobre o assunto, produzida pelo JORNAL DA PARAÍBA e pelos demais veículos da Rede Paraíba de Comunicação.
É uma vida sofrida, sem água, sem esperança. Nos municípios do interior é comum ouvir relatos carregados de desesperança. Na maioria deles, o abastecimento é feito por carros-pipa. A água virou uma incerteza. Outra cena comum é encontrar homens, mulheres e até crianças saindo de casa antes mesmo do dia clarear para conseguir água em algum reservatório disponibilizado pela prefeitura da cidade. A fila começa a se formar cedo, mas a água nem sempre dá para todos. Alguns voltam para casa mais tristes do que quando saíram. Os baldes vazios são o sinal de que a situação é muito crítica no Estado.
PERDA DE 50%
Na agricultura, as perdas na lavoura foram superiores a 50%, conforme explicou Vlaminck Saraiva, diretor técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater).
“São quatro anos consecutivos de perda de lavoura. Este ano o cenário também é preocupante, pois a chuva é mal distribuída pelas regiões do Estado, o que faz com que as lavouras não se desenvolvam”, afirmou. Segundo ele, quando a perda é superior a 50%, o agricultor pode entrar no programa Garantia Safra, através do qual garante a renda mínima de R$ 850 dividido em cinco parcelas.
Perdas significativas também na pecuária. Nos dois primeiros anos de Seca (2011 e 2012) a morte do rebanho foi drástica, em torno de 40%. Depois disso, os produtores passaram a receber forragem de forma gratuita e a adquirir ração por um valor bem abaixo do cobrado pelo mercado.
“Temos uma série de ações que envolve desde a produção ao armazenamento de forragens para garantir um pouco de tranquilidade ao homem do campo”, frisou.
De acordo com o presidente da Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup), Tota Guedes, a situação é muito crítica, pois agricultores e pecuaristas estão perdendo a capacidade de produção e não têm outros meios de vida.
“Temos 25 municípios em colapso total de água e outros 55 em racionamento, é muito preocupante. No entanto, temos que reconhecer que algumas medidas estão sendo tomadas, como o Plano Emergencial de Enfrentamento da Estiagem, lançado em junho deste ano, pelo governo do Estado”, explicou.
Guedes informou também que a construção de cisternas de calçadão e barragens subterrâneas e sistemas de dessalinização de água têm contribuído de forma muito positiva para a convivência com a Seca. Por outro lado, reclamou da descontinuidade de envio de recursos por parte do governo federal. “Esse enfrentamento deve ser contínuo”, afirmou o presidente da Famup.
IMPORTANTE
Como a Seca é um fenômeno cíclico, ou seja, tende a se repetir, a saída é buscar meios de convivência. Alguns projetos são desenvolvidos na Paraíba com esse objetivo. O Instituto Nacional do Semiárido (Insa), por exemplo, aposta em iniciativas que prezem pelo reúso de água, no meio rural, como a captação da água de chuvas que permite o abastecimento. Entidades como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Paraíba (Senar-PB) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da Paraíba (Sebrae-PB) também desenvolvem iniciativas desse tipo, cujos exemplos foram mostrados nesta série de reportagens.
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