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CULTURA

Alice no país dos bonecos

A diretora Beatriz Apocalypse conta como foi adaptar o clássico de Lewis Carroll para o teatro do Giramundo, destaque no FICG.

Publicado em 16/08/2014 às 6:00 | Atualizado em 07/03/2024 às 15:59

Como adaptar Alice no País das Maravilhas (1865), clássico de Lewis Carroll (1832-1898), sem incorrer nos cacoetes de tantas adaptações para o teatro, para o cinema e mesmo para a própria literatura? Seria um desafio para qualquer grupo.

Menos para o Giramundo. Com uma trajetória de mais de quarenta anos nos palcos, o coletivo mineiro de teatro de bonecos tem toda uma história que também o precede.

"Pra gente parece que o texto foi feito para o teatro de bonecos", diz a diretora de cena Beatriz Apocalypse, prestes a embarcar no avião para a Rainha da Borborema, onde o Giramundo é uma das mais aguardadas atrações do Festival de Inverno de Campina Grande (FICG). O grupo apresenta Aventuras de Alice no País das Maravilhas hoje, às 19h, no Teatro Municipal Severino Cabral. Os ingressos custam R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia e classe artística).

Além de comparecer à apresentação, que marca a primeira visita do Giramundo à Paraíba desde o show Música de Brinquedo, na companhia do Pato Fu, em 2012, a atriz e marionetista conduz, hoje pela manhã, uma palestra ilustrada sobre a metodologia do trabalho desempenhado há 26 anos com os bonecos da trupe.

No caso de Aventuras de Alice no País das Maravilhas, segundo Beatriz, um elemento que facilitou a adaptação foi a característica peculiar dos personagens: "Criaturas como o Coelho Branco, a Rainha de Copas e o Chapeleiro Maluco são muito caricatas, o que facilitou a transposição para o formato", diz a diretora. Uma das grandes novidades da montagem é que, pela primeira vez na dramaturgia do Giramundo, um ator real contracena com os bonecos.

"Nossa, foi uma mudança expressiva, já que tínhamos que fazer com que as intenções dos bonecos se correspondessem com as intenções do ator", afirma Beatriz, que ressalta também a importância da trilha sonora, que extrapolou o espetáculo e foi registrada em disco que o Giramundo traz na bagagem para vender em Campina Grande, após a encenação.

A trilha, dirigida por Marcos Malafaia, é um desdobramento da longa parceria com os conterrâneos do Pato Fu. Os músicos Fernanda Takai e John Ulhoa participaram ativamente do processo. A vocalista emprestou inclusive sua voz para a personagem de Alice e o eterno Mutante Arnaldo Bapista, para o Chapeleiro Louco.

"Olha, pra gente foi muito legal esse trabalho com o John e a Fernanda, que cantaram a trilha inteira do espetáculo, que tem ao todo 66 minutos", informa a diretora. "Foi um prazer imenso, porque eles chegavam com a trilha inteira pronta para o ensaio e ela se refletia exatamente no que a gente estava fazendo, ou vice e versa."

A química aparentemente deu tão certo que o disco derivado da trilha imensa, que tem ao todo 27 faixas, foi parar no iTunes. Os bastidores também geraram um documentário. No abrir das cortinas, será bem perceptível o diálogo do Giramundo com diversos suportes: os atores Madu, Beatriz e Eduardo Costa (que fez toda a preparação de ator para o espetáculo) lançam mão de um boneco digital, manipulado em tempo real graças a um recurso raro no teatro (mas já popular no cinema): a da captura do movimento.

É a tecnologia se unindo à inventividade do Giramundo, colaborando para que a magia do teatro se mantenha suspensa entre o público.

Confira a programação deste sábado:

10h – Cia. Corpo em Trânsito de Dança (PB) (dança) – Na Feira Central. Gratuito.

10h - Chegada de Lampião ao Inferno, da Cia Cordel em Canto (PB) (teatro) – Na Praça da Bandeira. Gratuito.

17h - Núcleo de Dança Passo a Passo (PB) (dança) – Na Praça da Bandeira. Gratuito.

19h - Candeeiro Natural (PB) (música) – Na Praça da Bandeira. Gratuito.

19h - Alice no País das Maravilhas, da Cia. Giramundo (MG) - No Teatro Severino Cabral. Ingressos: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia, artista)

Imagem

Jornal da Paraíba

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