VIDA URBANA
MP abre investigação para apurar problemas em armas da Taurus
Órgão afirma que policiais relataram falhas. Recentemente, sargento foi baleado após manusear arma travada.
Publicado em 20/11/2017 às 16:55 | Atualizado em 20/11/2017 às 22:09
Após relatos de policiais de problemas com armas da Taurus, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) abriu um processo de investigação contra a fabricante de armas. O objetivo é apurar possíveis falhas nos produtos da marca brasileira que são usados pelas polícias da Paraíba. Há pouco mais de uma semana, um sargento da Polícia Militar foi baleado quando manuseava a própria arma, uma pistola Taurus que estava travada.
A Taurus é alvo de uma ação do Ministério Público Federal (MPF) em Sergipe por conta de problemas em suas armas. O órgão quer que a empresa pague uma indenização de R$ 40 milhões aos cofres públicos e faça uma revisão em 10 modelos vendidos por ela no Brasil. O caso foi mostrado em uma reportagem do programa 'Fantástico', da Rede Globo, no dia 12 de novembro.
Segundo o promotor Túlio César Fernandes, do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (NCAP) do MPPB, a reportagem também foi levada em conta para abertura do processo de investigação na Paraíba, inclusive porque uma das armas citadas como problemáticas é uma das mais usadas pelas polícias paraibanas, a pistola 24/7.
“Conversando com um dos instrutores da Academia de Polícia, ele mencionou a qualidade da arma e disse que a probabilidade de incidente é grande, não só com as polícias, mas também com pessoas que compraram essa arma, modelo 24/7”, afirmou Túlio Fernandes. O promotor também disse que ouviu relatos de que uma submetralhadora Taurus usada pelos policiais paraibanos também tem apresentado problemas. “ Ela não consegue ter um disparo com eficiência, atigir o alvo com precisão. Por conta disso, a gente instaurou o procedimento para que possamos discutir também a eficiência dessas armas, se conseguem efetuar disparo com precisão, sem ser letal, mas que possa inibir uma ação criminosa contra os policiais”, destacou.
No dia 11 de novembro, o sargento Clodoaldo Cavalcante de Araújo se tornou uma vítima da Taurus . Ele estava colocando a pistola modelo 638 na parte de trás do corpo, quando ela disparou e ele acabou sendo ferido nas costas. “Ela vai passar por perícia, mas foi constatado que ela disparou mesmo estando travada”, declarou o tenente-coronel Pablo Nascimento da Cunha, comandante do 7º Batalhão da PM . O acidente aconteceu na cidade de Santa Rita, na Grande João Pessoa.
Pablo ainda relatou à reportagem que ele mesmo acabou ferido quando enfrentou um problema com uma Taurus. O oficial contou que quando estav atuando em uma ocorrência de asslato, em 2015, a arma que ele usava falhou. “Elas disparam sozinhas e quando precisam disparar, não disparam”, completou o oficial.
O sargento Cloadoldo está internado no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa desde o dia que foi baleado. De acordo com informações da unidade, ela está na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com um estado de saúde considerado grave.
O que diz a Taurus
Em nota, a empresa reafirma que "todas as perícias realizadas até hoje dentro das normas aplicáveis comprovam que não há defeito ou falha no projeto ou nos mecanismos de segurança e funcionamento dos produtos Taurus". "A nova gestão da Taurus, para desfazer suspeitas infundadas, mantém um programa gratuito de revisão e manutenção preventivas de seus produtos, oferecido a todas as forças policiais do País, inclusive no estado da Paraíba. O objetivo é ajudar as forças policiais a manter seu armamento em estado adequado de uso e conservação", diz a nota.
Quando aconteceu o acidente com o sargento Clodoaldo, a Taurus afirmou que “as razões de qualquer incidente do tipo devem ser verificadas por meio de perícias de acordo com os procedimentos e regras aplicáveis, antes de se tirar qualquer conclusão”.
Em nota ao 'Fantástico', a empresa negou que as armas fabricadas por ela tenham apresentado defeitos de fabricação. A Taurus afirmou ainda que “acidentes com armas de fogo são, infelizmente, uma ocorrência possível”.
A reportagem também fez contato com a Secretaria de Segurança e Defesa Social da Paraíba para saber se o órgão tinha número sobre possíveis problemas com a Taurus nas polícias, mas não houve resposta.
O promotor Túlio César Fernandes disse que o procedimento de investigação deve durar 90 dias, podendo ser prorrogado por igual período uma única vez. Depois disso, a apuração pode ser convertida em inquérito ou ação civil pública.
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