Espetáculo 'Casulo' encerra temporada neste fim de semana

O exercício dramático já é tão batido que virou clichê e motivo de piada entre os próprios atores: o professor propõe aos novatos que eles se imaginem cobertos de terra ou envolvidos pelo útero materno, e a partir daí desenvolvam uma coreografia que psicológica e teatralmente remeta ao rompimento interno dos tabus e ao florescer de um novo artista, pronto para encarar os desafios do palco.

Casulo, espetáculo de dança que finaliza este fim de semana uma temporada começada na última sexta-feira, em João Pessoa, poderia muito bem partir de tal exercício para chegar aonde chegou.

O escafandro, revestimento de seda no qual se confinam, ainda nos primeiros estágios de seu ciclo vital, insetos como a borboleta, é o que baseia as partituras corporais de uma apresentação de dança que tem suas últimas sessões realizadas de amanhã a domingo, sempre às 20h, no Centro Cultural Piollin.

Assinada pelo diretor, coreógrafo e bailarino Marcos Brandão, a montagem conta com o patrocínio do FMC e faz uma homenagem à fundadora do Fazendo Arte: Rosa Cagliani, artista falecida no ano de 2008. A trilha sonora conta com a canção 'Muganzé', do Cabruêra.

Diante do público, as intérpretes Angélica Lemos, Maria Bethânia, Naiara Misa e Jean Oliveira transmitem, no corpo, o rigor técnico que obtiveram após mergulho no universo vasto de danças populares como o coco de roda, o cavalo marinho, o frevo e o maracatu.

Esta imersão começou quando o corpo de balé entrou em contato com a disciplina 'Danças Populares', ministrada na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em 2010, sob a orientação da professora Ana Valéria Vicente.

As primeiras ideias da coreografia foram desenvolvidas ainda em sala de aula, e evoluíram à medida que os bailarinos foram ganhando mais experiência discente e conseguindo imprimir nos seus movimentos uma conexão perceptível entre a coreografia e o cotidiano.