CULTURA
O novo paladar de Pitty
Em uma nova fase e com uma nova sonoridade, Pitty fala sobre a repercussão do seu tabalho com o projeto 'Agridoce'.
Publicado em 08/09/2012 às 6:00
Finalistas em cinco categorias do VMB 2012 (artista do ano, melhor banda, melhor disco, melhor capa e melhor hit por 'Dançando'), o Agridoce mudou um pouco os rumos da carreira de Pitty e Marin Mendonça (guitarrista de sua banda).
De mero projeto paralelo, passou a principal com o sucesso do disco homônimo, que chegou às lojas no final do ano passado e suscitou o DVD 20 Passos (Microservice, R$ 36,90), registro do show transmitido ao vivo na web pelo canal Multishow.
A repercussão do trabalho, que rendeu apresentações no carnaval do Recife (PE), e show no festival SXSW, no Texas (EUA), pegou Pitty de surpresa: "Na verdade a reação das pessoas a esse projeto era uma incógnita pra mim, talvez por ter um caráter tão pessoal e de não haver uma intenção inicial de ser tão compartilhado e divulgado como acabou sendo. Acho que na verdade estamos apenas começando a nos encontrar entre as opiniões pois estão ficando mais claras as intenções do projeto", diz a cantora ao JORNAL DA PARAÍBA.
Martin endossa a opinião: "Essa receptividade foi bacana e acabou nos impulsionando a dar passos adiante, como chegar a gravar um disco ou levar esse projeto para o palco, por exemplo".
Agridoce (Microservice, R$ 22,9) foi gravado em uma casa apinhada na Serra da Cantareira, no interior de São Paulo, para onde a dupla se mudou e abraçou uma gama de instrumentos acústicos para dar vazão a um repertório intimista, contrastante com o que consagrou a imagem de Pitty na mídia nacional.
Ela recorda-se do período: "Na época em que começamos o que mais tarde se tornaria o Agridoce estávamos escutando obsessivamente o disco Friendly Fire (2006) do Sean Lennon e acredito que ele acabou influenciando o trabalho, seja na sonoridade ou nas estruturas que são mais voltadas para a canção. Andávamos escutando bastante Nick Drake, John Lennon, Neil Young e algumas coisas mais inusitadas como Bat for Lashes também".
EXPERIMENTAÇÃO
Segundo Martin, o esconderijo na Serra da Cantareira foi um laboratório de experimentação: "Aproveitamos a gravação do disco pra se arriscar em instrumentos e abordagens que eram novas pra nós como bandolim, glockenspiel, slide guitar. A escaleta já tinha aparecido um pouco antes disso, quando ainda gravávamos na casa dela, nas demos de '20 passos' e 'O porto'".
Pitty, porém, recorda-se que desde Chiaroscuro (2009) as aventuras experimentais pelas texturas de diferentes instrumentos já tinham ganho prioridade e espaço no setlist. A guinada na sonoridade é evidente no palco: "É uma experiência de palco totalmente distinta das que já tínhamos experimentado em nossos projetos anteriores, por ser ser um show muito mais contemplativo e ter arranjos tão delicados acaba demandando um envolvimento e concentração muito grandes de nossa parte e uma postura mais 'comportada' do público para que as coisas funcionem".
Pitty ressalta que o show, no entanto, não é mais 'parado' em função de seu caráter contemplativo: "É um show para ser sentido, para cantar junto. E a quentura vem da reação das pessoas quando se entregam para as músicas".
Enquanto conversam sobre a possibilidade de voltar ao rock'n'roll, descartam, para decepção dos fãs, a possibilidade, pelo menos recente, de dar continuidade ao projeto: "Estamos super concentrados nessa turnê e ainda não discutimos o futuro do projeto".
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