VIDA URBANA
Vítimas da chuva em JP ainda estão em abrigos
Com casas interditadas pela Defesa Civil após as últimas chuvas que caíram na capital famílias continuam abrigadas em escolas.
Publicado em 06/09/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 17:06
Dezoito famílias que sofreram com a inundação do rio Jaguaribe, no bairro São José, em João Pessoa, em decorrência das recentes chuvas que caíram na cidade continuam abrigadas no ginásio da Escola Municipal Nazinha Barbosa, em Manaíra. Segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), as outras dez famílias que estavam no local voltaram para casa ainda ontem.
Além dos desabrigados que estão em Manaíra, outras quatro famílias que tinham casas na comunidade do Timbó, ainda estão na escola Olívio Ribeiro Campos, no bairro dos Bancários. De acordo com a diretora de Organização Comunitária e Participação Popular da Sedes, Cely Andrade, as famílias que retornaram ao bairro São José não tiveram os imóveis interditados pela Defesa Civil. Segundo ela, tanto as famílias que permanecem na escola quanto as que retornaram ao bairro, continuam recebendo acompanhamento da prefeitura.
“Só continuam na escola aquelas pessoas que estão sem condições de retornar para casa, que não têm alimentos, móveis e a casa está interditada pela Defesa Civil. Pelo menos oito dessas famílias que estão aqui devem receber o auxílio moradia, cestas básicas e material de higiene”, explicou Cely.
A dona de casa Tatiana dos Santos está com o marido e os cinco filhos na escola de Manaíra. Ela conta que a casa onde morava ficou totalmente inundada e ainda não pode retornar à residência. “Perdi tudo. Mesmo que a água baixe, não posso voltar porque não tem comida em casa. Pelo menos aqui, a gente recebe as refeições e tem um lugar seco para dormir”, disse.
A mesma situação acontece com a diarista Maria do Carmo Costa. Ela estava recuperando a estrutura da casa e os móveis que perdeu nas chuvas que caíram no início de junho. Mas, novamente a casa dela e da mãe foram invadidas pela água. “Faz sete anos que moro no São José e sempre quando chove é esse sufoco. Minha casa fica na beira do rio e sempre enche. Não sei mais o que fazer, não posso trabalhar nessa situação”, lamentou.
Segundo Cely Andrade, além do auxílio moradia as famílias também estão sendo cadastradas no Balcão de Direitos para receber fraldas, no caso das crianças, e remédios. A representante da Sedes informou ainda que desde as chuvas que caíram em junho na capital, mais de 800 famílias estão recebendo o auxílio moradia, que é no valor de R$ 200,00.
ONTEM O DIA FOI DE LIMPEZA
A manhã de ontem foi de trabalho para os moradores do bairro São José. Quem mora às margens do rio ou próximo à barreira aproveitou o sol para fazer a limpeza nas casas e nos objetos. No entanto, um trecho da rua Edmundo Filho, principal via de acesso ao bairro, ainda estava tomado pelas águas do rio Jaguaribe.
Nas calçadas das casas, os moradores colocaram móveis, roupas e colchões para secar. Em outras residências, muitos moradores lavavam os utensílios domésticos e retiravam a lama do piso. Na casa do aposentado José do Nascimento, a água alcançou quase trinta centímetros. Para não perder os móveis e eletrodomésticos, ele colocou tijolos sob os utensílios e aproveitou o dia para limpar a casa.
“Com essas chuvas, fiquei muito nervoso e passei mal com medo de minha casa cair. Mas os vizinhos ajudaram a salvar as coisas. Da outra vez perdi um guarda-roupa e uma televisão”, disse o aposentado.
Já um trecho da avenida Beira Rio que estava interditado até a noite da última quarta-feira, foi liberado na manhã de ontem. Mesmo assim, o trânsito ficou lento no local e os veículos trafegavam com dificuldade.
IPHAN E IPHAEP INSPECIONAM HOTEL GLOBO
Apesar de ter feito uma pausa ontem, a chuva ainda foi motivo de preocupação entre autoridades públicas de João Pessoa. Na manhã de ontem, equipes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep) fizeram uma inspeção no Hotel Globo, onde ocorreu um desmoronamento de terra.
Como medida emergencial, foi instalada uma estrutura na área atingida, para sustentar o terreno e conter o processo de erosão, como informou o diretor da Divisão Técnica do Iphan, Umbelino Pontes. À tarde, os técnicos fizeram uma reunião para tomar outras providências com relação ao hotel. O encontro se estendeu até a noite. Até o fechamento dessa edição, as decisões tomadas ainda não haviam sido divulgadas.
PRÉDIO HISTÓRICO
Criado em 1929, o Hotel Globo é um dos mais importantes prédios históricos de João Pessoa. Ele foi o primeiro estabelecimento do segmento construído na cidade. Apesar de não estar mais em funcionamento, o imóvel permanece aberto à visitação pública. Além da estrutura, o empreendimento possui mobílias e peças características do século passado. Após ser tombado pelo Iphaep em 1978, ele também passou a fazer parte da área protegida pelo Iphan. (Colaborou Nathielle Ferreira)
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