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ECONOMIA

Educação precária é entrave nas indústrias

Segundo CNI, empresas dos segmentos extrativo e de transformação enfrentam dificuldades com a falta de trabalhadores qualificados.

Publicado em 29/10/2013 às 6:00 | Atualizado em 18/04/2023 às 17:36

A falta de qualidade na educação básica é o principal problema para a competitividade do Brasil, segundo o gerente executivo de pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca. A entidade divulgou ontem, que 65% das empresas dos segmentos extrativo e de transformação enfrentam dificuldades com a falta de trabalhadores qualificados. Para 49% dessas indústrias, o maior percalço é a baixa qualidade da educação básica. "As deficiências na educação básica dificultam a capacitação. Não conseguimos capacitar tanto quanto exige a demanda", disse.

"Educação é um problema que se resolve em uma ou duas gerações. Temos hoje ainda uma taxa de crianças que saem da escola sem passar pelo ensino médio", afirmou. Fonseca defende, entretanto, que no curto prazo é necessário investir em cursos profissionalizantes. "O Brasil tem baixo porcentual de estudantes em ensino profissional. Tem que mudar o enfoque da política educacional, valorizando o curso profissionalizante", argumentou.

O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi, citou dados do governo federal que indicam que 90% dos alunos que concluem o ensino médio não aprendem o adequado em matemática e 70% em Língua Portuguesa. Ele apontou, ainda, que a cada cem pessoas que concluem o ensino superior no Brasil, 5 são engenheiros. Em outros países, esse número é bem maior. Na Coreia do Sul, por exemplo, são 29. "Precisamos discutir uma escola que dialogue com a juventude e com o desenvolvimento econômico", disse.

Para Fonseca, o salário real dos empregados tem crescido porque a indústria precisa reter os trabalhadores devido à falta de profissionais qualificados no mercado. Isso ocorre principalmente nas grandes empresas. "Elas não podem correr o risco de a economia se recuperar e ela não responder à demanda do mercado", explicou Fonseca.

As pequenas empresas, ao contrário, sentiram mais os efeitos da crise e, por isso, deixaram de procurar trabalhadores. O problema de falta de mão de obra só perdeu importância para as empresas de pequeno porte, apontou a pesquisa. De 2011 para 2013, passou de 68% para 61% o porcentual de indústrias pequenas que declararam ter essa dificuldade. Nas empresas de médio porte, o porcentual se manteve em 66%. Nas grandes, aumentou de 66% para 68%. Fonseca afirmou que o problema de mão de obra qualificada não caiu nos últimos anos, apesar de a indústria não ter crescido no período. "Se a indústria começar a crescer mais forte agora, o problema ficará ainda mais severo", afirmou. "Se não tiver aumento da produtividade, o crescimento do País ficará preso ao crescimento da força de trabalho", argumentou. Segundo ele, a economia brasileira não crescerá a taxas significativas enquanto não for resolvido o problema de produtividade.

A pesquisa foi feita com 1.761 indústrias extrativas e de transformação entre 1º e 11 de abril deste ano.

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Jornal da Paraíba

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