POLÍTICA
PB é o Estado no Nordeste com menor alternância de legendas
PMDB e PSDB se revezam no poder há quase 30 anos nos mesmos espaços, deixando o Estado com menor alternância da região. Cientista vê raízes históricas.
Publicado em 17/01/2010 às 8:46
De Astier Basílio do Jornal da Paraíba
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA fez um levantamento para saber quais foram os partidos que governaram a Paraíba em mais de 20 anos de redemocratização, além de analisar o desempenho das principais siglas partidárias no Estado. O ponto de partida foi a eleição estadual de 1986, pleito que se seguiu ao movimento “Diretas Já” que culminou com a eleição de Tancredo Neves, o primeiro civil eleito para a presidência, embora indiretamente por meio de colégio eleitoral, marcando o final do regime militar.
Se houvesse um ranking que determinasse a alternância de poder, entre os partidos políticos, em todo o Nordeste, a Paraíba ficaria em último lugar. Desde a redemocratização, apenas dois partidos se revezaram na chefia do Executivo no Estado: o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB e o Partido da Social Democracia Brasileira.
Analisando os números, o senador Cícero Lucena, do PSDB, tem uma outra interpretação para os dados. “É uma leitura estatística, numérica, que não comporta uma análise política – algo que acreditamos serem coisas diferentes. Em 1986, por exemplo, o governador Burity elegeu-se pelo PDMB, mas, em seguida, o próprio PMDB ganhou, mas disputando contra ele que posteriormente veio até a mudar de partido, a filiar, salvo engano no PRN”.
Dois grupos e uma mesma raiz
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) foi fundado em 1988, a partir de uma dissidência no PMDB, abrigando, majoritariamente, políticos de São Paulo e Minas Gerais. Curiosamente, estes dois Estados têm o mesmo perfil da Paraíba e foram governados apenas por duas forças partidárias: tucanos e peemedebistas.
Embora com representação na Paraíba desde que foi fundado, os tucanos só se insurgiram no cenário político estadual como uma alternativa real de poder nas eleições de 2002, quando boa parte do grupo político do então prefeito de Campina Grande, Cássio Cunha Lima, egresso do PMDB, decidiu migrar para o PSDB.
Tudo aconteceu após o grupo Cunha Lima ter perdido o controle do PMDB no episódio da convenção que determinou a candidatura à reeleição do então governador José Maranhão. A partir daí o controle definitivo da legenda no Estado permaneceu nas mãos de Maranhão. Até hoje.
Os primeiros sinais de desentendimento entre os dois grupos ocorreram bem antes. Os focos iniciais de discórdias remontam quando da indicação do candidato a vice-governador nas eleições em 1994. O grupo ligado ao então governador Ronaldo Cunha Lima preferia para companheiro de chapa do senador Antônio Mariz, o deputado estadual Carlos Dunga. Todavia, a indicação acabou recaindo sobre o deputado federal José Maranhão.
Acordo
Não é demais lembrar o “acordo da Granja”, celebrado antes das fissuras internas terem extrapolado em 2001. Por este acerto, Maranhão seria reconduzido a um segundo mandato, já que a emenda para reeleição havia sido aprovada em 1997.
Nesta empreitada, Maranhão teria em sua chapa um representante do clã Cunha Lima. As indicações recaiam sobre o então deputado federal Ivandro Cunha Lima. Ainda pela costura feita pelo acordo, em 2002, o candidato natural do PMDB seria Cássio.
É possível, então, se dizer que a Paraíba, desde o processo de redemocratização vem sendo governada por um único grupo político? O cientista Ítalo Fittipaldi diz que não é bem assim. “Não é possível afirmar isso, pois, de fato, houve uma ruptura no então grupo hegemônico. Por outro lado, é possível afirmar que os grupos políticos paraibanos que disputam os ciclos eleitorais possuem origem comum”.
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