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CULTURA

Discípula de Gullar

Flávia Bittencourt divide a pena com poetas no seu terceiro CD, 'No Movimento'.

Publicado em 12/06/2013 às 6:00


Uma das vozes que representaram o país, este mês, no Ano do Brasil em Portugal, a maranhense Flávia Bittencourt viu sua carreira repentinamente associada à poesia desde que foi convidada a participar de uma série de homenagens aos 80 anos do conterrâneo Ferreira Gullar, em 2010. No Movimento (Independente, R$ 27,90), seu terceiro CD, tem duas canções que transitam pela arte do verso: 'Fanatismo', de Florbela Espanca (musicada por Fagner) e 'Um Instante', do próprio Gullar.

"Fagner foi um cara que me influenciou muito", explica a cantora e compositora, que ouviu a versão do disco Fanatismo (lançado em 1981, um ano após seu nascimento) na infância. "Já Gullar eu conheci quando participei das homenagens junto com outros artistas. Eu me inspirei e musiquei o poema de que gosto muito e que ocasionou um convite da (bailarina) Ana Botafogo para colaborar em um espetáculo baseado na obra dele".

O espetáculo estreia logo após o retorno da artista de Portugal, no próximo mês, no Festival Sesc Rio de Inverno. Radicada no Rio de Janeiro, Flávia segue divulgando o novo disco no Sudeste. O show que faz em Santo Amaro (SP), também em julho, terá a participação especial de Luiz Melodia, que cedeu a inédita ´Franqueza' para fechar o repertório do CD.

"O Melodia é um padrinho musical querido", define Flávia, que adornou a letra musicada por Renato Pial com vinhetas em alusão a Dona Tetê (1924-2011) e Mestre Felipe (1924-2008), ícones da cultura popular maranhense.

Zeca Baleiro, outro conterrâneo com presença forte no trabalho, contribui com 'Bambayuque'. "O Zeca eu conheço lá de São Luís antes do início da carreira", diz ela. "O meu pai já conhecia o pai dele e eu o tenho como um tio. Ele faz parte da minha vida profissional e sempre que me encontra me sugere coisas novas para ouvir".
Uma das maiores surpresas de No Movimento, porém, é uma versão: a aguardada 'Mar de rosas', transcriação (como gostam os novos tradutores) em português de '(I never promissed you a) Rose garden', de Joe South, gravada pelos Fevers na Jovem Guarda. Flávia afirma que conheceu por intermédio do pai, que brigava com a mãe (amante da Tropicália) pela agulha da vitrola dentro de casa.
"Minha mãe sempre ouviu muito Caetano, Gil, Bethânia.... Enquanto meu pai tinha essa coisa da Jovem Guarda", recorda. "A versão dos Fevers começou como uma brincadeira, já que toquei essa música em um teatro, em São Luís, e ela foi parar na rádio. O público gostou e tive que incluí-la no CD".

A faixa tem um clima voz e violão remanescente de uma estética anterior, que Flávia Bittencourt pretende abandonar. Ela conclui a entrevista definindo sua nova fase: "O disco acaba sendo uma consequência de um repertório que a gente vem trabalhando ao longo dos últimos anos em shows em São Luís, com uma sonoridade mais ácida, diferente dos discos anteriores. No Movimento vem com esse diferencial – ele é mais autoral e menos acústico".

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Jornal da Paraíba

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