Com as armas de Jorge

No dia 23 de abril se comemora o Dia de São Jorge, um dos santos mais cultuados do cristianismo e igualmente venerado em vários cultos afro-brasileiros sincretizado como Ogum. Ele também é uma figura famosa por sobrepujar com sua lança um dragão.

O que chamou a atenção do quadrinista paulista Danilo Beyruth – autor de obras como Bando de Dois (Zarabatana Books) e Astronauta - Magnetar (Panini) – para o personagem foi a data, que coincide com o seu aniversário. “Ele faz parte dos santos que são guerreiros”, adiciona o autor na sua justificativa para a aventura São Jorge - Volume 1: Soldado do Império (Panini, 120 páginas, R$ 19,90), que está sendo lançada neste mês.

A obra foi dividida em duas partes. O último tomo também será lançado ainda este ano. “O volume 1 meio que tem um final, mas a história continua”.

Responsável pelo roteiro e a arte, Beyruth começou a fazer a história em quadrinhos em 2012. “Comecei a gostar de São Jorge porque tem uma base histórica por trás”, explica. “Pesquisei o pano de fundo histórico do mito e costurei com a versão medieval”.

Uma das curiosidades que chamou a atenção do quadrinista foi a canonização do personagem mesmo sem ter todos os indícios para tal. A devoção cristã a São Jorge é uma das mais populares tanto no Ocidente (principalmente na Inglaterra e em Portugal) quanto no Oriente (como Armênia, Rússia e Líbano) e até entre os muçulmanos. Ele também é padroeiro de vários países, como Inglaterra, Barcelona, Moscou, Beirute, Sérvia e Hungria, dentre outros.

De acordo com Beyruth, sua detalhada pesquisa iconográfica de cenários e indumentárias da época que elegeu para a aventura foi tão complexa quanto em Bando de Dois, premiado álbum que remete ao cangaço brasileiro.

São Jorge se passa no terceiro século depois de Cristo, quando o soldado Jorge enfrenta os inimigos do Império Romano em Alexandria. Uma rede de intrigas se forma no palácio do Imperador para impedir sua ascensão, o que leva o protagonista a uma jornada que o colocará frente a frente com uma criatura monstruosa.

Diferente de outras obras nacionais, os volumes de São Jorge vão ser direcionados às bancas de jornal de todo o país, uma iniciativa cultivada pela Panini desde a série Valente, do mineiro Vitor Cafaggi.

“É inerente dos quadrinhos ser uma produção de massa e não algo específico de lojas especializadas”, afirma o autor, que negociou elementos como o formato da edição (16 x 21 cm) – um pouco menor que o popular ‘formato americano’ (17 x 26 cm) – para viabilizar o acesso aos leitores. “Tem que modular a sua publicação com a realidade do mercado”.

‘ASTRONAUTA 2’

Responsável pelo volume de estreia do selo Graphics MSP, projeto onde autores nacionais fazem uma história longa com um personagem do Mauricio de Sousa, com Astronauta - Magnetar (2012), Danilo Beyruth prepara a uma segunda parte para breve.

“Será mais denso que o primeiro em termos de história”, revela o quadrinista.