Plantas representam perigo para crianças

Janeiro é o período das férias escolares, por isso é a época em que a criançada fica mais tempo em casa e acumula bastante energia, buscando atividades alternativas para se distrair e ocupar o tempo livre.

Por apresentarem uma diversidade de cores, formatos e tamanhos, as plantas viram alvo fácil de brincadeira das crianças, que por não terem consciência do perigo que essas espécies podem representar, acabam ingerindo e utilizando-as em meio às brincadeiras, provocando alergias e intoxicações.

Especialistas alertam que os pais e responsáveis devem redobrar os cuidados nesta época, para evitar intoxicação provocada por espécies vegetais. Em Campina Grande, entre 2005 e 2010 foram registrados no Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ceatox) 77 casos de intoxicação provocadas por plantas. O balanço com as ocorrências do ano passado ainda não foi concluído.

De acordo com Sayonara Maria Fook, coordenadora do Ceatox, as principais espécies responsáveis pelas intoxicações foram a comigo-ninguém-pode, com 25% dos casos, o equivalente a 19 ocorrências e a pinhão branco, com 10% das notificações. Outras espécies que apresentam substâncias tóxicas são a cicuna, beladona, língua-de-rato e camará, que são extremamente prejudiciais à saúde.

Sayonara Fook explica que a maior parte das ocorrências são acidentais e afetam principalmente crianças, entre um e nove anos de idade. “Curiosamente, as vítimas são grande em grande parte do sexo masculino”, contou.

A coordenadora do Ceatox, que também é professora do Departamento de Farmácia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), explica que o princípio tóxico varia de acordo com cada espécie vegetal.

“No caso do pinhão branco, a substância responsável pela atividade tóxica da semente é a cursina, mas estudos recentes apontam que ésteres de forbol seriam os vilões, causando até mesmo tumores e inflamação nos tecidos”, disse Sayonara Fook.

As substâncias presentes em algumas plantas, conhecidas popularmente como venenosas, podem provocar ainda danos aos sistemas cardiovascular e respiratório, em caso de ingestão ou apenas o toque nas folhas e caule. No corpo da criança, elas provocam coagulação sanguínea e irritação na mucosa gastrointestinal. Os espinhos e pêlos de algumas espécies têm efeitos irritantes e podem causar inflamações na pele e nas mucosas.

Segundo a professora, o número de plantas com princípios ativos desconhecidos ainda é bastante elevado e algumas espécies podem apresentar diversas substâncias com alto potencial de causar intoxicações.

Por essa razão, os profissionais de saúde no momento do atendimento, têm dificuldade para saber se o vegetal que a vítima ingeriu é venenoso ou não.

“Ao receber uma vítima de intoxicação causada por planta, a equipe de saúde precisa dar atenção aos sintomas, são eles que vão ajudar a classificar a origem do problema”, esclareceu Sayonara Fook.