Os encontros solitários

“É um filme de encontros solitários, mais do que um filme sobre a solidão”, analisa o mineiro Cao Guimarães, diretor ao lado do pernambucano Marcelo Gomes de O Homem das Multidões (Brasil, 2014), longa que estreia a partir desta quinta-feira, com sessões diárias apenas às 19h40, no CinEspaço (MAG Shopping), em João Pessoa.

A produção acompanha o cotidiano de Juvenal (vivido pelo ator Paulo André), um solitário maquinista de metrô que se mistura ao aglomerado de gente do centro de uma grande metrópole, que no caso é Belo Horizonte (MG).

“Pensamos em uma profissão que tinha a ver com o estado de espírito dele, que, ao mesmo tempo, está inserido na multidão, sente essa necessidade física, mas não se interessa em travar relações com as pessoas”, explica Cao.

O cineasta destaca que a preocupação tanto dele quanto de Marcelo Gomes foi de retratar uma pessoa normal, onde suas necessidades não fossem incomuns.

Para contrastar com o personagem do Juvenal, O Homem das Multidões também foca na vida de Margô (Silvia Lourenço, de Contra Todos), uma controladora do fluxo de trens que também vive – à sua maneira – mergulhada em um estado de profunda solidão.

“É uma personagem bem contemporânea, que fica o dia inteiro plantada no mundo virtual, intermediada pelas ‘janelas’ do Instagram e das redes sociais”, descreve.

A produção ainda conta com o ator e pesquisador Jean-Claude Bernardet (que também integra o elenco de Pingo d'Água, longa paraibano inédito de Taciano Valério).

CLAUSTROFÓBICO

Para narrar visualmente a história, O Homem das Multidões adota a razão de aspecto (aspect ratio) de 3 x 3, deixando a tela do cinema com uma proporção quadrada da imagem ao longo da exibição. “O formato veio do sentimento do personagem”, afirma o realizador. “É como se o quadrado desse mais conta de ter essa sensação claustrofóbica”.

De acordo com Guimarães, a ideia do filme partiu do desejo de fechar uma trilogia sobre a solidão iniciada pelos documentários A Alma do Osso (2005) e O Andarilho (2007).

A parceria com Marcelo Gomes surgiu quase uma década atrás, quando o pernambucano montava em Belo Horizonte o Cinema, Aspirinas e Urubus (2004). “Trocando figurinhas” sobre fazer uma ficção para trilogia, outra adição inspiradora foi a leitura do conto homônimo The Man of the Crowd, escrito pelo norte-americano Edgar Allan Poe (1809-1849).

“Foi um filme feito nas horas vagas, sem pressa. A gente mexia no roteiro (com auxílio de uma bolsa de Berlim conseguida em 2007 por Gomes) entre um projeto e outro”.

Antes de entrar no circuito nacional, O Homem das Multidões circulou o mundo, fazendo parte da Seleção Oficial do 64º Festival de Berlim (Alemanha), no 26º Festival de Cinema Latino-Americano de Toulouse (França), onde saiu como Melhor Filme, e no 29º Festival Internacional de Guadalajara (México), conquistando a categoria de Melhor Fotografia (para Ivo Lopes Araújo) e o Prêmio Especial do Júri.

“Estamos cada vez mais diversificados. O estrangeiro espera ver um Brasil estereotipado, mas saímos da favela e nos comunicamos com um sentimento universal”.

'GUARDIÕES DA GALÁXIA' ESTREIA NA PB

Estreia nos cinemas de João Pessoa, Patos e Campina Grande mais uma adaptação dos quadrinhos dos super-heróis da Marvel, mas agora com uma pegada mais voltada para a ficção científica: Os Guardiões das Galáxias (Guardians of the Galaxy, EUA, 2014).

Unindo aventura e humor no espaço, o filme reúne a equipe ‘cósmica’ de renegados formados pelo guaxinim Rocket Raccoon (voz de Bradley Cooper, de Trapaça), Groot (voz de Vin Diesel, de Velozes e Furiosos), Drax - O Destruidor (Dave Bautista, de Riddick 3) e Gamora (Zoë Saldana, de Avatar).

Eles se juntam ao piloto terráqueo Peter Quill (Chris Pratt, de Ela), autodenominado Senhor das Estrelas, que se vê alvo de uma caçada quando ele rouba um poderoso objeto desejado pela raça alienígena Kree.