COTIDIANO
Computador mostra conversas antes do desaparecimento de Eliza
Fantástico teve acesso ao conteúdo do notebook de Eliza Samudio. Memória do computador mostrou conversas que teve com amigos.
Publicado em 12/07/2010 às 7:26
Do G1
As conversas que Eliza Samudio teve com amigos pela internet ajudam a entender o que aconteceu antes do desaparecimento. A polícia ainda não sabe quem realmente são as pessoas que aparecem nos diálogos. Na internet, onde não é preciso usar o nome verdadeiro, a própria Eliza não usava. Ela se identificava com a frase: "Fácil é Julgar".
O Fantástico teve acesso com exclusividade ao conteúdo do notebook que era usado por Eliza. A memória do computador arquivou conversas que ela teve com amigos por mensagens instantâneas. Uma das conversas dá a entender que a pessoa com quem Eliza fala é outro jogador de futebol. A conversa foi no dia 3 de abril.
No dia 28 de abril, Eliza pede conselhos para a mesma pessoa, que desta vez está identificada como um consagrado jogador, cujo nome não pode ser revelado porque ainda não está confirmado se se trata mesmo dele.
Fácil é Julgar - Preciso de uns conselhos seus. Bom dia, tudo bem?
Suposto Jogador (SJ) - Tudo, e você?
FJ - Só estresse com o inútil do Bruno. Não sei mais nem o que fazer.
SJ - Por quê?
FJ - Todo mês, ele mandava o cara que trabalha pra ele depositar uma miséria. Esse mês, tá enrolando. O acordo para ele depositar foi de eu ficar quieta, não falar nada pra imprensa.
SJ - Ele não depositou?
FJ - Mas ele tá cutucando onça com vara curta.
Em outro trecho, ela conta que conseguiu falar com Bruno.
FJ - Falei com o Bruno!
SJ - E aí?
FJ - Nada demais, ele disse que depois do jogo ou amanhã ele me chama, que a intenção dele é ajudar.
No dia 3 de maio, Eliza trocou mensagens novamente com a mesma pessoa.
FJ - Falei com o pai do meu filho.
SJ - Tá tudo bem?
FJ - Tá andando. Pediu um voto de confiança. Disse que não merece, mas vai fazer por onde.
FJ - Cadê minha camisetaaaaaa?
No mesmo dia, para uma pessoa que se identifica como Luana, Eliza conta que falou com Bruno.
Luana - E o pai dele, já conheceu?
FJ - Não, ainda, mas estamos nos falando.
L - E a audiência?
FJ - Vai demorar, viu? Só depois de agosto.
L - Não podia demorar tanto.
FJ - Brasil...
L - Tem casos que saem bem mais rápido, caraca. No Brasil, é rapidinho, dá até cadeia. Tem que ver se a sua advogada não está fazendo corpo mole.
FJ - Pensão, mas é DNA.
L - Mas como ele tem dinheiro, deveria ser mais rápido.
FJ - Mas ele está ajudando. Começamos a nos falar essa semana que passou. Rodei a baiana, falei que se não me ligasse, eu ia fazer barraco no hotel. Aí, ele ligou e pediu um voto de confiança.
L - Voto de confiança pra ele? Era só o que faltava.
FJ - É difícil.
L - Ele não merece nem atenção.
FJ - Quem sabe ele vendo o garoto resolve fazer o DNA e registrar de boa.
Eliza também fala com uma pessoa identificada como Juninho. Ela pede informações sobre a agenda do Flamengo.
FJ - Preciso de um favor seu. Tu "tem" como descobrir em qual hotel o Fla vai ficar? Não vou fazer barraco.
Juninho - Acho bom mesmo.
FJ - Só vou ligar pra falar com o Bruno.
Para o advogado da família de Eliza Samudio, as conversas demonstram que Bruno estava convencendo Eliza a acreditar nele e assim, atraí-la para o Rio de Janeiro.
“Considerando tudo que o inquérito contém, considerando as provas que estão sendo ainda analisadas, há indícios muito fortes da premeditação no sentido de a partir desse convencimento, ou de ser este convencimento, o princípio do plano todo”, afirma Jader Marques, advogado que representa o pai de Eliza.
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