"Se Eu Fosse Você 2": Tony é Glória Pires, Glória é Tony Ramos

Renato Félix, do Jornal da Paraíba

Será que um raio cai duas vezes no mesmo lugar? A propaganda de Se Eu Fosse Você 2 (Brasil, 2006, estréia nesta sexta em JP) afirma que sim, para justificar a nova troca de corpos entre o casal interpretado por Tony Ramos e Glória Pires. Mas a pergunta vale também para a aposta da continuação em repetir o sucesso do filme original, de 2005, um dos maiores sucessos da Retomada. Até a estratégia de lançamento é a mesma, com uma pré-estréia na última semana do ano e estréia nos primeiros dias de janeiro.

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Na primeira vez, uma conjunção astral levava o casal Cláudio (Ramos) e Helena (Glória) a trocar de corpos num momento de crise conjugal. Literalmente na pele do outro, eles puderam se compreender melhor e voltaram às boas. Mas, pelo jeito, não por muito tempo. Se Eu Fosse Você 2 começa com os dois à beira da separação. Não bastasse isso, ainda recebem a notícia de que a filha (Isabelle Drummond) resolveu se casar e - está grávida. Isso, aliado a outros fenômenos da natureza, faz a magia acontecer de novo.

O diretor é novamente Daniel Filho, que conseguiu num bom resultado na leveza do filme original. O tema do casamento da filha Bia atravessa a continuação e é onde Cláudio e Helena precisarão se virar para mostrar talentos que são característicos da contraparte deles. Cláudio na pele de Helena, precisa organizar o casamento. Helena, na pele de Cláudio, sofre ao ter que jogar futebol com os amigos do marido.

Espera-se que os dois atores de novo se esbaldem na brincadeira. Em Se Eu Fosse Você, Glória Pires arrasou ao imitar os tiques de Tony Ramos - que, por sua vez, se não chegou a imitar Glória, ao menos fez uma versão feminina de si mesmo muito engraçada. O elenco coadjuvante traz Chico Anysio, Viviane Pasmanter, Maria Luísa Mendonça e Adriane Galisteu.

Daniel Filho faz um filme após outro, nessa fase de editais do cinema brasileiro. Acertou na maioria (A Partilha, 2001; A Dona da História, 2004; e Muito Gelo e Dois Dedos d’Água, 2006) e errou medianamente com Primo Basílio (2007). Já tem mais um em pós-produção (Tempos de Paz) e mais um anunciado (As Vidas de Chico Xavier).

Daniel mostra um foco principal no trabalho dos atores e uma busca de diálogo com o público que, num filme bom (mas não ótimo) como o Se Eu Fosse Você original, não deixa de ser bem-vindo. Claro que a experiência de anos a fio na TV dá a Daniel Filho a intuição sobre o que o público quer ver - mas ele dava seus vôos mais ousados na telinha. Quem sabe não é essa equação que faça os raios da bilheteria caírem várias vezes no mesmo lugar: o cinema nacional?