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VIDA URBANA

Quem mora no interior precisa ir à capital

Para ter assistência adequada, muitos deficientes enfrentam a distência e o cansaço.

Publicado em 22/09/2013 às 12:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 17:42

Duas vezes por mês, a dona de casa Maria das Neves Brito sai de Alagoinha, a quase 90 quilômetros de João Pessoa, para a Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (Funad), na capital. A filha dela, de 13 anos, tem síndrome de Down e necessita de assistência. Desde criança a menina é atendida na Funad. A mãe contou que no início elas vinham para João Pessoa em carro da prefeitura, mas agora tem que pagar R$ 50,00 a cada vez que necessita vir à Funad.

“Infelizmente não tem assistência na nossa cidade, mas nem reclamo. Gosto muito da Funad, minha filha é bem tratada, recebe atenção e carinho. Ela evoluiu muito nesses anos”, declarou Maria das Neves. Apesar de satisfeita com o serviço, ela reconhece que o dinheiro gasto com passagem poderia ser usado para comprar alguma outra coisa de necessidade da família. “Não temos outra alternativa. No interior não existe o serviço, eu não poderia deixar minha filha sem assistência”, afirmou.

A também dona de casa Célia Silvino, que mora em Santa Rita, precisa vir à capital para que o neto de 10 anos, que tem deficiência intelectual, receba atendimento especializado. Há exatamente quatro anos eles comparecem à Funad duas vezes por semana. Para Célia e o neto, seria bem menos cansativo se a cidade deles contasse com um serviço de apoio a pessoas com deficiência. Como não tem, o jeito é seguir com a rotina semanal.

Com problemas na visão desde que nasceu, Robson Santos da Silva, hoje com 28 anos, sabe bem o quanto é difícil viver em cidades onde não há assistência alguma para pessoas com deficiência. Até os 23 anos ele morou no município de Bananeiras, no Brejo da Paraíba, e sentiu na pele as dificuldades. Mas não baixou a cabeça, decidiu vencer os obstáculos. Hoje está no quarto período do curso de Direito, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Ele contou que a perda da visão foi gradativa e que aos 15 anos não enxergava mais nada. No colégio onde estudava em Bananeiras, se sentia injustiçado, pois não conseguia acompanhar os colegas. Não havia nenhum intérprete e ele tinha que se virar com a boa vontade dos colegas ou de alguns professores. “Nunca tive assistência durante o tempo que morei no interior”, afirmou. Foi reprovado quatro vezes porque nas provas colocava as respostas em local errado e os professores não consideravam o fato de ele ser deficiente visual.

Quando passou a frequentar o Instituto dos Cegos, tudo ficou mais fácil. “Foi um professor que me indicou, pois ele sabia da minha vontade de continuar estudando e de cursar Direito. Aí vim morar em João Pessoa”, explicou. Robson disse que não consegue esquecer dos dias difíceis que já passou em sua cidade natal. Alguns familiares, também deficientes visuais, continuam morando lá e sofrem com os mesmos problemas relatados pelo estudante.

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Jornal da Paraíba

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