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VIDA URBANA

Núcleo de psiquiatria do HU de CG vai fechar por falta de médicos

Atualmente, apenas 140 pacientes são atendidos mensalmente, o que representa menos de cinco atendimentos diários.

Publicado em 12/06/2009 às 8:39

João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba

Há 19 anos o Núcleo Ambulatorial e Psiquiátrico do Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC), em Campina Grande, acompanha pacientes de mais de 50 municípios localizados na região do Compartimento da Borborema, que possuem distúrbios mentais.

Mas, de um passado em que eram realizadas 1.800 consultas todos os meses, resta apenas o registro de cerca de 20 mil prontuários armazenados nos arquivos da unidade. Devido à falta de profissionais médicos e de medicamentos para serem distribuídos, o setor deve fechar as portas nos próximos seis meses. Atualmente, apenas 140 pacientes são atendidos mensalmente, o que representa menos de cinco atendimentos diários.

Antes, nove médicos psiquiatras realizavam as consultas e o acompanhamento dos pacientes, mas atualmente apenas dois continuam trabalhando, e um deles deve se aposentar nos próximos meses. “A maior parte desses profissionais se aposentou e alguns deles se transferiram. Com isso não temos condições de manter a unidade aberta”, informou a diretora geral do hospital, a médica Alana Abrantes. Ela explicou que um Termo de Ajustamento de Conduta firmado em 2005, junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) determinou que a aquisição de novos profissionais com nível superior só pode ser realizada através de concursos públicos.

“E não existe por parte do governo federal uma política de reposição desses quadros. Não podemos contratar nenhum profissional para prestar serviço, dessa forma não temos condições de atender à demanda”, adiantou a diretora. Ainda segundo a médica, outros setores do hospital também estão precisando com urgência de novos profissionais, como é o caso do pronto-atendimento; e caso haja algum concurso público é possível que as vagas disponibilizadas não sejam suficientes para atender ao núcleo. “O número de psiquiatras no Brasil é mínimo. A farmácia que funcionava no setor já foi fechada há seis meses. Era mantida através do repasse das medicações pela secretaria estadual de saúde, mas a distribuição passou a ser feita pelo município”, lembrou Alana Abrantes.

Só em imaginar o fechamento das portas do setor, Olindina Eugência Gomes, que reside no bairro de Bodocongó, ficou aflita: “Meu marido e um de meus filhos sofrem de problemas e são há anos atendidos aqui. O que nós vamos fazer agora?”, indagou.

O núcleo é mantido com recursos do Ministério da Saúde, repassados através da Secretaria Municipal de Saúde para o HUAC. De acordo com o secretário de Saúde de Campina Grande, Metuselá Agra, os pacientes que moram em Campina deverão ser atendidos em sete Centros de Assistência Psicossocial (Caps) espalhados pela cidade, além de um Centro de Emergência psiquiátrica.

“Temos hoje uma estrutura voltada à assistência desses pacientes. O núcleo vinha em crise há mais de 10 anos, porque a cada ano você tem uma redução do número de residências psiquiátricas, que é uma tendência de todo o país. Devemos absolver uma parte dessa população, mas aqueles que não são munícipes deverão ser direcionados aos municípios, para aderir ao sistema Caps de cada cidade”, disse Agra.

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