CULTURA
Demorou, mas vingou
Esperado pelos fãs da Marvel e com um elenco de grandes estrelas, a superprodução foi analisada pelo JORNAL DA PARAíBA, confira.
Publicado em 01/05/2012 às 6:30
Primeiramente, analisar Os Vingadores (The Avengers, EUA, 2012) sem amarrá-lo às rédeas do mundo onde ele foi originado – os quadrinhos – é impossível, ficando mais difícil de interpretá-lo neste prisma. Em segundo lugar, a produção tem que ser analisada como um filme de ação, aventura e, sobretudo, entretenimento, envolvendo os super-heróis (isso não implica ‘desligar’ o cérebro e curtir o espetáculo).
O próximo passo é vê-lo como o resultado de um ambicioso plano da Marvel, a ‘Casa de Ideias’ desses personagens, desde o lançamento ao longo dos anos dos filmes solo de cada um dos integrantes dos ‘maiores heróis da Terra’ (ou quase todos).
Começou com O Homem de Ferro (2008), que teve uma continuação em 2010 (apresentando também a Viúva Negra), O Incrível Hulk (2008), Thor (2010, estreando o Gavião Arqueiro) e Capitão América: O Primeiro Vingador (2010).
Toda essa equação, acrescentando o estreante na direção, Joss Whedon, pode ser vista com entusiasmo pelos fãs dos personagens e com um empolgante passatempo para as pessoas ‘comuns’.
No enredo, o deus da trapaça Loki (Tom Hiddleston) coloca em prática o seu plano de conseguir um artefato de imenso poder chamado de Tesseract (nas HQs, Cubo Cósmico) das instalações da SHIELD, a principal linha de defesa da Terra. Na ação, o vilão passa a controlar agentes da organização, inclusive o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner). Para contê-los, Nick Fury (Samuel L. Jackson) convoca os heróis que nunca haviam trabalhado juntos: Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Bruce Banner/Hulk (Mark Ruffalo) e a Viúva Negra (Scarlett Johansson).
Invocando a ótica da ‘cartilha’ da indústria dos super-heróis de papel, os egos se colidem junto com a força física. Praticamente cada integrante sairá no braço com outro como um MMA de superseres.
Não é à toa que o personagem egocêntrico do ótimo Robert Downey Jr. estrelou em dois longas. Apesar da violência latente no filme, a atmosfera é cercada de um humor típico dos tempos idos das HQs, na sua maioria inteligente e saída da voz do ator.
Downey Jr. faz de sua atuação uma espécie de Saturday Nigth Live com direito até a tiradas filosóficas, como a inspirada em Alexandre, O Grande: quando o Capitão América esbraveja que ele não é o tipo de homem que se enfia debaixo de arame farpado para salvar seus companheiros, simplesmente ele fala que cortaria o arame.
Outro destaque é a única substituição no elenco de estrelas.
Mark Ruffalo como o inseguro e atormentado Dr. Banner incorpora a melhor antítese do Hulk. Aliás, os efeitos de computação gráfica impressionam desde o porta-aviões voador da SHIELD até a destruição de Manhattan. O efeito convertido do 3D para a exibição convencional não trás tanto impacto, além do rombo maior no bolso.
As caracterizações de temperamento de cada personagem são respeitadas e bem exploradas, assim como a distribuição de cada um ao longo do filme. Whedon, como roteirista de quadrinhos e fanboy, sabe o que os leitores da Marvel querem e inclui todo o pacote, com direito a câmera girando em 360° com os heróis se preparando para a batalha contra a raça alienígena aliada de Loki, os chitauri (a versão dos Skrulls da realidade ‘Ultimate’ da Marvel, já que a Fox ainda detém os direitos dos extraterrestres verdes).
Entre algumas cenas e explicações forçadas (como a volta de Thor à Terra), até a canastrice sob medida de Evans e a apatia típica de um deus nórdico de Hemsworth ajudam na construção do longa. O diretor conduz com dinâmica e espasmos de criatividade, como a sequência onde Loki ataca um teatro alemão ao som da orquestra ou a discussão do grupo que põe a câmera de ponta-cabeça.
Após os créditos finais de Os Vingadores, uma surpresa para o desespero dos leitores da cronologia Marvel, que vão aguardar para ver a sequência de uma reunião que deu certo e finalmente vingou o ‘pipocão’ de super-heróis.
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