ECONOMIA
Laudo da Sedap aponta intoxicação de bovino no Cariri
Gado encontrado morto em Boa Vista, no Cariri, foi envenenado por agrotóxicos usados para combater praga da colchonilha.
Publicado em 07/02/2012 às 6:30
Laudo realizado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e Pesca (Sedap) apontou que 13 bovinos morreram de intoxicação por agrotóxicos. Outros dez animais no município de Boa Vista, no Cariri da Paraíba, foram identificados com sintomas do “envenemamento alimentar”.
A palma, principal alimento bovino na região, tem situação crítica. Como 40% dos 150 mil hectares de palma já foram devastados, os produtores rurais combatem a praga da cochonilha usando agrotóxicos de forma indiscriminada, causando envenenamento e intoxicação dos animais. Além do prejuízo financeiro para agricultores e pecuaristas, o excesso de agrotóxicos também causa danos à saúde humana para quem ingere a carne e o leite desses animais. Os males provocados por estas substâncias segundo o secretário-executivo de agricultura familiar da Sedap, Alexandre Eduardo, podem ir de uma intoxicação leve até a causa de câncer. Os 23 animais intoxicados apresentaram sintomas como salivação excessiva, tremores e inquietação. Apenas dez deles sobreviveram ao que a Sedap assegurou ter “relação direta com a ingestão de agrotóxicos”.
Há a suspeita de que outros bovinos do Cariri estejam expostos ao veneno para o inseto. De acordo com o presidente da Federação de Agrigultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Mário Borba, os agricultores e pecuarisas fazem uso de produtos químicos sem conhecer a maneira correta. “Eles estão desesperados, usam idiscriminadamente e de forma inadequada”, enfatizou.
Para tentar diminuir o uso destas substâncias, a Faepa convocou uma reunião para a manhã de hoje, na sede da entidade, para discutir com diversos órgãos da área saídas.
Mário Borba, cobrará dos técnicos da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária (Emepa), Sedap, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Defesa Agropecuária, melhores métodos para lidar com a cochonilha.
Segundo o representante dos agricultores e pecuaristas paraibanos, o combate ao inseto é uma tarefa árdua. “É preciso aprender a conviver com ela, assim como fizemos como o bicudo, praga que atinge o algodão”, destacou.
De acordo com Mário Borba, o Mapa já teria o registro de produtos atóxicos com ação efetiva contra a cochonilha. “O que precisamos de definição. Qual será a estratégia adotada pela Paraíba para não sofrer com os prejuízos provocados pelo inseto?”, indaga. Os agricultores e pecuaristas do Cariri Oriental e alguns do Sertão do Estado são os que mais tem sofrido com as perdas provocadas pela praga.
Tentando frear o avanço da doença, a Paraíba, por meio da Emepa, distribuiu aproximadamente cerca de 300 mil raquetes (mudas) de variedades da palma resistentes ao inseto em 2011.
Esta, segundo o secretário Alexandre Eduardo, da Sedap, é uma das estratégias de combate efetivo à propagação da doença. Outra estratégia adotada pela secretaria é a aplicação de um fungicida composto por detergente neutro e água. Este procedimento exige capacitação dos agricultores para seguirem o programa de quatro aplicações para eliminar o inseto e suas larvas.
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