Biografia de um peregrino

Uma trajetória de mais de meio século dedicada à dramaturgia que se confunde com a própria história do teatro paraibano.

Fernando Peregrino: Um Perfil Biográfico de Fernando Teixeira em 50 Anos de Palco (Edições O Sebo Cultural, 96 páginas, R$ 20,00) registra o percurso do homem que se tornou uma bússola para toda uma geração de artistas na Paraíba. Escrita por Tarcísio Pereira, a biografia será lançada nesta quarta-feira, em João Pessoa, após uma apresentação do monólogo Esparrela no pátio da livraria O Sebo Cultural, às 20h. O espetáculo, escrito, dirigido e encenado por Fernando Teixeira, é uma das mais recentes etapas desta peregrinação que enfrentou inúmeras adversidades.

"Eu nunca conheci um ator que tivesse que superar tamanhas dificuldades para estrear no teatro", afirma Tarcísio Pereira, que também é dramaturgo e desde 2008 vem pesquisando a carreira de Teixeira, realizando entrevistas e reunindo um acervo de matérias jornalísticas sobre o colega e mentor. "Até fixar-se como professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Fernando Teixeira viajou muito no seu fusquinha, vendendo material de produtos cirúrgicos, angustiado, tentando fazer teatro no Brasil".

Segundo o autor, a biografia narra uma fase especialmente difícil na vida de Fernando Teixeira, quando foi perseguido pela Ditadura Militar. "Em 1964, quando estava em São Paulo e o Centro Popular de Cultura foi fechado, logo após o Golpe Militar, ele estava fichado e fugiu, voltando para a Paraíba", relata o biógrafo, que conta também momentos gloriosos como a montagem de O Auto da Compadecida, em 1976.

"A estrela de Fernando Teixeira brilhou na UFPB, quando dirigiu uma montagem institucional em homenagem aos 20 anos da peça de Ariano Suassuna", relembra. "Por sinal, Ariano até hoje considera esta montagem como insuperável, e Fernando Teixeira como o único que consegui realmente compreender a sua obra".

Para Tarcísio, o sucesso desta montagem teve contribuição direta para o ingresso do ator como professor da UFPB, dois anos depois. "Fernando Teixeira não chegou sequer a completar o segundo grau, mas foi contratado pela instituição, nos primórdios do curso de Educação Artística, pelo que se chamava na época de 'notório saber', que permitia que professores fossem contratados a partir de comprovado conhecimento técnico, científico e artístico", esclarece.

NOVOS PROJETOS
Romancista, Tarcísio Pereira antecipa que tem projetos na área da ficção para este ano. Ele está para lançar, em agosto, o romance La Bodeguita, que escreveu em 2009, e até o fim do ano publica o aguardado O Autor da Novela.