CULTURA
Mostra Internacional de Música terá programação especial na PB
Evento sediado em Olinda acontece de 4 a 7 de setembro em João Pessoa. Entre as principais atrações estão Duofel, Dado Villa-Lobos e Egberto Gismonti.
Publicado em 16/08/2010 às 10:00
André Cananéa
Do Jornal da Paraíba
A Mostra Internacional de Música de Olinda (Mimo) vem chegando cada vez mais perto da Paraíba. Reconhecida por promover, nas igrejas e mosteiros da cidade pernambucana, música de fino trato entre jazz, erudito e instrumental moderno, também proporciona oficinas e masterclasses com gente tarimbada do mundo da boa música.
O evento, realizado há sete anos em Olinda, teve uma memorável apresentação no ano passado aqui em João Pessoa e o sucesso animou a idealizadora Lu Araújo a ser mais generosa este ano, ampliando o festival para quatro noites na capital paraibana.
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Assim, em setembro, a 7ª edição da Mimo acontecerá paralelamente entre Olinda e João Pessoa graças, sobretudo, a parceria com a Fundação Cultural de João Pessoa, a Funjope. Em Olinda (e também haverá algumas apresentações em Recife) será de 1º a 7, enquanto aqui, de 4 a 7.
O evento principal, em Pernambuco, contará com 40 concertos (no ano passado foram 28) entre um número de 110 atividades, que além das apresentações musicais, inclui a etapa educativa e um festival de cinema, voltado a produções relativas à música.
Mas João Pessoa será bem servida: serão oito concertos, entre artistas nacionais, uma atração internacional e quatro pratas da casa, das quais duas acabaram entrando na programação de Olinda. Os concertos também acontecerão em igrejas da capital e serão gratuitos ao público.
Será a chance de ver o conceituado Duofel na elogiada releitura para os Beatles. A apresentação abre a programação pessoense na Igreja São Frei Pedro Gonçalves, dia 4 de setembro. O elogiadíssimo duo formado por Luiz Bruno e Fernando Melo divide a noite com o paraibano Camerata Arte Mulher No dia 5, será a vez de Egberto Gismonti voltar a João Pessoa, desta vez com a Orquestra de Sopro da Pro Arte. A apresentação está marcada para a Basílica de Nossa Senhora das Neves e terá a participação do grupo paraibano Paraibones, que era liderado pelo querido Radegundis Feitosa, vítima de um trágico acidente no começo do mês passado.
No dia 6, o festival importa da França o Selmer #607, que segundo Lu Araújo, é a grande aposta do festival para edição. O grupo faz releituras de jazz cigano, jazz manouche, que anda bastante em alta na Europa, mesclando, no repertório, sons de Miles Davis e John Coltrane. O show está agendado para o Centro Cultural São Francisco, junto com o grupo de choro local Chouriço. E, encerrando o festival na Paraíba, a dobradinha Cristina Braga e Dado Villa-Lobos (foto).
Uma das mais conceituadas harpistas do país se une ao ex-Legião Urbana em uma apresentação regada a música instrumental e algumas canções em um show sofisticado. A noite termina ao som da Orquestra Sanhauá.
Homenagem aos paraibanos
Paraibones e a Orquestra Sanhauá também estarão em Olinda, garantiu Lu Araújo, que anuncia segunda-feira que vem a programação completa do evento. O motivo é que, nesta edição, a Mimo vai homenagear Radegundis Feitosa, com quem os dois grupos guardam estreita relação com o músico, e, por extensão, Roberto Ângelo, Adenilton França e Luiz Benedito, os outros músicos mortos no acidente.
Lu lembra que o próprio Radegundis chegou a se apresentar na Mimo, em 2007, junto com o Quinteto Brassil. “Eu tinha uma admiração incrível pelo Radegundis, assim como pelo pessoal do Quinteto Brassil. A gente levou o grupo para Mimo e foi incrível, lotou o lugar”, recorda a produtora. Lu Araújo e Chico César (diretor executivo da Funjope), que conversaram com a reportagem por telefone, são unânimes em citar Radegundis como bom exemplo da qualidade musical da Paraíba.
Para a produtora da Mimo, a Paraíba é um celeiro de música “muito avançado em relação a outros Estados do Nordeste”, diz, e emenda: “E falo com propriedade, já que sei que aí tem muito mais grupos de câmera, grupos instrumentais reconhecidos do que nos outros lugares”.
Chico ainda elogia a proposta da Mimo (que este ano perdeu o patrocínio máster da Petrobras, mas foi socorrida pelo MinC e o BNDES, como forma de não deixar morrer um evento dessa importância) e diz ter um carinho enorme pela mostra, sobretudo pela associação que o evento faz entre a preservação da memória, a preservação histórica e a música.
“A Mimo é uma forma de olharmos para nós mesmos, isso ajuda a cidade a se reconhecer”, pontua Chico. “Em vez de fi car invejando o que acontece em outros lugares, é muito bacana se tornar parceiro de Olinda, de Recife, porque cada vez que se falar, tanto no Brasil, quanto no mundo, da Mimo, vai se falar em João Pessoa”.
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