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CULTURA

Arduino foi um precursor

Pioneiro do surfe no Brasil e ator, fez o 1º nu frontal do cinema brasileiro; Arduíno sofria de insuficiência respiratória.

Publicado em 25/02/2014 às 6:00 | Atualizado em 06/07/2023 às 12:33

Galã do Cinema Novo, ator preferido do cineasta Nelson Pereira dos Santos na segunda metade dos anos 60 e início dos 70, precursor do surfe no Brasil, pioneiro do mergulho submarino, namorado de estrelas como Leila Diniz e Sônia Braga, o ator Arduino Colasanti, italiano de nascimento, niteroiense de coração, morreu no sábado, aos 78 anos, vítima de problemas cardíacos e pulmonares e enterrado ontem, no Cemitério Parque da Colina, em Niterói. Ele deixa quatro filhos (Ricardo, Roberto, Rodrigo e Daniela), de cinco casamentos.

Arduino participou de cerca de 40 filmes, sendo protagonista em títulos de Nelson Pereira dos Santos, como El Justicero, Fome de Viver e, sobretudo, Como era Gostoso Meu Francês, em que passava o tempo completamente nu. Teria sido o primeiro nu frontal masculino do cinema brasileiro.

A chegada dos Colasanti ao Brasil ocorreu após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), onde o patriarca Manfredo, também ator, lutara. Com Arduino (nascido em Livorno), que tinha 11 anos, veio a irmã, a hoje escritora Marina Colasanti.

A partir do final da década de 70, suas aparições na tela passaram a ser eventuais. Foi quando passou a dedicar-se integralmente aos mergulhos. Chegou a trabalhar para a Petrobrás e outras empresas petroleiras como observador das instalações submarinas de plataformas e equipamentos do setor.

NU FRONTAL

]A escolha para o papel principal de El Justiceiro, primeiro filme que fez dirigido por Nelson Pereira dos Santos, em 1967, foi decidida principalmente por seu físico. Loiro, bronzeado, de olhos claros, Arduíno era o tipo certo para o filme, sobre um playboy carioca, filho de general, que namora com uma garota politizada, virando o justiceiro do título, ao defender humilhados e ofendidos.

Foi o primeiro confronto de Arduíno com a censura militar, ele que, na vida real, nem militante era e morava bem - no Parque Lage, então residência do empresário Henrique Lage, casado com sua tia, a mezzo-soprano Gabriela Besanzoni. El Justicero chegou a ser proibido pelo regime, que perseguiria depois a nudez do ator em Como Era Gostoso Meu Francês (1971), primeiro nu frontal masculino do cinema brasileiro.

No filme, lançado em DVD, Arduíno interpreta um francês capturado por índios tupinambás, convencidos de que se trata de um português. Os canibais o preparam para o banquete e, como de costume, ele passa um tempo com a tribo, aprendendo a cultura indígena e a língua com a índia Ana Maria Magalhães.

A censura tentou proibir o filme pela nudez de Arduíno. O ator participou de outros filmes importantes do cineasta ( Memórias do Cárcere, entre eles), trabalhando com outros diretores do Cinema Novo, como Joaquim Pedro de Andrade (O Homem do Pau-Brasil, 1982) e Cacá Diegues (Quilombo, 1984). Seu último filme foi o curta Naquela Noite Ele Sonhou com um Mar Azul (2010), de Aristeu Araújo.

Imagem

Jornal da Paraíba

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