VIDA URBANA
Caso Rebeca: CEDH-PB pede ajuda
Caso Rebeca foi enviado para a Comissão Nacional de Direitos Humanos; promotor Marinho Mendes diz haver falta de interesse na elucidação.
Publicado em 28/02/2014 às 6:00 | Atualizado em 07/07/2023 às 12:39
O Conselho Estadual de Direitos Humanos da Paraíba (CEDH-PB) remeteu, no final da tarde ontem, toda a documentação do caso Rebeca Cristina para a Comissão Nacional de Direitos Humanos.
Segundo o presidente do CEDH-PB, promotor de Justiça Marinho Mendes Machado, a falta de interesse na elucidação do caso por parte da Polícia Civil do Estado motivou a remessa do caso para a Comissão Nacional. Para ele, há mais de um suspeito, inclusive, possivelmente alguém da polícia. A Delegacia Geral de Polícia Civil garante que as investigações não cessaram e que no inquérito não há indícios de envolvimento de policiais.
A estudante Rebeca Cristina, 15 anos, foi brutalmente morta, após ter sido violentada sexualmente, no dia 11 de julho de 2011, no trajeto entre a casa da família e o Colégio da Polícia Militar, em Mangabeira VIII, em João Pessoa. O corpo de Rebeca foi encontrado cravado de balas em um matagal na Praia de Jacarapé, Litoral Sul da Paraíba, na tarde do mesmo dia em que ocorreu o crime.
De acordo com o promotor e presidente do CEDH, Marinho Mendes, a decisão de levar o caso à comissão nacional foi tomada na última sexta-feira, durante uma reunião com o deputado federal Luiz Couto. “Sabemos que basta querer e colocar como prioridade que o caso de Rebeca será elucidado.
O conselho estadual já tentou solucionar o crime na Paraíba, onde já passaram sete delegados pelo caso, que quando ganhavam intimidade com a investigação eram estranhamente afastados, sem justificativa, pela Secretaria (de Estado de Segurança e Defesa Social - Seds). Isso demonstra o desinteresse da polícia na elucidação do caso e a comissão nacional tem o poder de investigação e de acionar as autoridades estaduais para elucidar esse crime”, afirmou.
Marinho Mendes acrescentou que uma reunião com a Comissão Nacional dos Direitos Humanos será marcada em Brasília, onde estarão presentes membros do CEDH-PB, o deputado Luiz Couto, “que está nos dando apoio”, e com Teresa Cristina, mãe de Rebeca. “Caso todas as vias no Brasil se esgotem sem que o caso seja esclarecido, recorreremos à comissão internacional, porque nós não vamos desistir”, ressaltou.
O presidente do conselho ainda disse que acredita na autoria de mais de um suspeito no crime e na possibilidade de algum policial. “Temos indícios, inclusive, no próprio inquérito, de mais de um suspeito. A polícia está errada quando procura um único suspeito, sabemos que pode ter alguém da polícia envolvido pelo fato de que o padastro dela é militar, porque ela estudava na escola militar e por ter acontecido quando ia para escola”, ponderou.
Além disso, Marinho Mendes reforçou que a medida de levar o caso para o âmbito nacional visa sensibilizar a polícia paraibana para outros casos que ainda estão sem solução.
“Além de Rebeca, existem dezenas de casos não elucidados pela polícia”, destacou.
Segundo Teresa Cristina, mãe de Rebeca, a esperança de que o autor do crime seja encontrado diminui a cada dia e já se sente desacreditada na elucidação do caso. “Eu estou me acabando. Espero por uma resposta que parece que nunca virá.
Não peço nada, só quero que a polícia solucione o caso, para que a morte da minha amada filha não fique na impunidade. É preciso encontrar e punir quem tirou a vida da minha Rebeca”, apelou.
CRIME AINDA NÃO TEM SUSPEITO
Conforme o delegado geral adjunto da Polícia Civil da Paraíba, Isaías Gualberto, apenas cinco delegados estiveram à frente das investigações e não sete como disse o promotor Marinho Mendes, e os afastamentos teriam sido motivados por diversos fatores, a exemplo de licença médica.
“Quando um delegado precisava se afastar, outro tinha que assumir o inquérito. O importante é que as investigações não cessaram. A Delegacia Geral e o secretário (da Seds) Cláudio Lima, acompanham o caso diretamente, bem como mantém o contato com a mãe de Rebeca”, disse ao frisar que preferia não comentar as declarações proferidas pelo promotor.
Por sua vez, o quinto e atual delegado designado exclusivamente para acompanhar o caso Rebeca, Glauber Fontes, disse que as investigações continuam, mas que não poderia dar detalhes para não atrapalhar o andamento delas. O delegado Fontes rebateu as críticas feitas pelo promotor de Justiça e presidente do CEDH-PB, Marinho Mendes.
“O promotor não conhece a investigação, nem participa dela, e por isso fica fácil criticar. A investigação não parou em nenhum momento. Também desconheço indícios na investigação que apontem a participação de militares no crime. O que existem são apenas suspeitas, mas no inquérito não há nada sobre isso”, asseverou.
O delegado Glauber Fontes, do Grupo de Operações Especiais (DOE), sinalizou que acredita na possibilidade de alguém ter testemunhado o crime, mas por algum motivo permanece em sigilo. Por esse motivo destacou o serviço gratuito e sigiloso do 197.
“Temos certeza que alguém viu essa ação criminosa e guardou para si todas as informações, mas precisamos do apoio da população que sempre é fundamental para a elucidação de crimes. O 197 é totalmente sigiloso, nós não temos como identificar o denunciante, então, não precisa ter medo de falar. A testemunha não terá a identidade revelada”, pontuou.
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