Blues perde seu albino

O blues é feito de grandes guitarristas. Uns dominam a técnica e constroem suas carreiras através de seus dedos de ouro; outros têm o feeling (ou o ‘mojo’, como diria Muddy Waters). Johnny Winter reunia as duas qualidades.

Eleito um dos 100 maiores guitarristas da História pela revista Rolling Stone, o cantor e instrumentista albino morreu quarta-feira passada em um quarto de hotel em Zurique, na Suíça. A informação foi dada ontem através da página do músico no Facebook.

A causa da morte não foi divulgada, mas o americano andava bem doente, embora seguisse fazendo shows mundo a fora – Winter estava em turnê na Europa e tinha apresentações agendadas em São Paulo e Curitiba, em outubro deste ano.

O músico paraibano Marcos Rosa, que faz doutorado em guitarra nos Estados Unidos, teve a chance de ver Johnny Winter ao vivo em fevereiro deste ano, em Nova York. “Ele já estava bem mau, tocando o tempo todo sentado e mal abria o olho.

Precisava até de ajuda para pegar e soltar a guitarra, mas o som ainda era o próprio”, recorda Rosa, que sempre recomenda aos seus alunos que ouçam o mítico guitarrista, “pela importância que ele tem na música”.

“Gostaria de ter visto um show dele nos anos 70”, comenta outro guitarrista paraibano, Washington Espínola, radicado há 10 anos na Suíça, onde Winter morreu. Washington se refere ao auge do artista americano. “Ele tinha uma maneira de cantar e tocar especial e uma agilidade e um feeling impressionantes”, comenta Washington.

John Dawson Winter III partiu no ano em que o mundo celebrava seus 70 anos, com o lançamento do box True To The Blues: The Johnny Winter Story, com quatro CDs que passam à limpo os quase 50 anos de carreira, e um álbum inédito, Step Back, agendado para ser lançado em setembro. Nele, Winter compartilha clássicos do rock e do blues na companhia de Ben Harper, Eric Clapton, Joe Perry (Aerosmith) e Dr. John, entre outros.

Nascido em Beaumont, Texas, no dia 23 de fevereiro de 1944, Johnny Winter começou a carreira em 1968, estreando em festivais importantes, mas se notabilizou mesmo por ter integrado o elenco do lendário festival Woodstock, em 1969.

Construiu sua carreira com solos inspirados, tocando blues e rock. Era irmão de outra lenda do blues, Edgar Winter, hoje com 68 anos.