CULTURA
O metal enferrujou?
Após 25 anos sem gravar juntos, Black Sabbath reúne quase toda a formação original para lançar o disco 13, que chega às lojas essa semana.
Publicado em 12/06/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 13:15
Há 35 anos, eles criaram o que viria a ser chamado de heavy-metal. Desde então, vêm sendo venerados pelos fãs, renovando o público e influenciando novas bandas. Por isso, é impossível o Black Sabbath passar despercebido, ainda mais quando lança um novo disco com (quase) toda sua clássica formação.
O vocalista Ozzy Osbourne, o guitarrista Tony Iommi e o baixista Geezer Butler não gravavam juntos desde Never Say Die! (1978), o que gerou uma super expectativa em relação a 13, que chega esta semana às lojas em duas edições, normal e 'deluxe' (esta, dupla, com três faixas a mais), ambas lançadas pela Universal Music.
Nos 25 anos que separam os dois discos, muita coisa aconteceu na carreira dos quatro músicos ingleses - inclua-se aí o baterista Bill Ward, que não topou se juntar aos velhos companheiros e foi substituído por Brad Wilk, do Rage Against the Machine, 20 anos mais novo.
Ozzy seguiu uma carreira solo comercialmente mais bem sucedida que a do Sabbath, que tocou o barco com outros vocalistas, entre eles o ótimo Ronnie James Dio (1942-2010).
Paralelo à música, Ozzy se envolveu em um espiral de álcool e drogas e Iommi contraiu um linfoma, que tornou público no começo de 2012, antes mesmo de entrar em estúdio. Esses dramas – incluída a recaída do vocalista, explicitada em sua página no Facebook no último dia 15 de abril - foram alguns dos fantasmas que assombraram as gravações.
Por isso, 13 não rende o que o Black Sabbath no auge da forma poderia render e, portanto, não está a altura de Black Sabbath e Paranoid (ambos lançados em 1970), por exemplo. Além do mais, o novo disco é refém da tecnologia, do Pro Tools e dos “Photoshops” de estúdio. Talvez, se feito há 15 anos, 13 não fosse possível.
Sob a batuta do mitológico Rick Rubin, cuja a experiência na área inclui álbuns do Slayer, Metallica, Linkin Park e System of a Down, o disco busca inspiração no Sabbath dos primeiros anos, com um verniz moderno e enxuto.
O repertório de oito faixas soa irregular, embora vá agradar aos fãs. Sessentões, os remanescentes continuam falando de vida após a morte, demônios, questionando se Deus está vivo ou morto ou simplesmente divagando sobre solidão.
Em ‘End of beginning’, que abre o CD, a banda dá o recado: “Isto é o fim do começo, ou o começo do fim? Perdendo o controle ou você está vencendo? Sua vida é de verdade ou só fingimento?”.
O som é pesado e músicas são longas (a mais curta tem 4.37; a mais demorada, 8.51), prevalecendo a cozinha arrastada que dá apoio à guitarra de Iommi (hoje menos criativo) e aos vocais gritados de Ozzy, soterrado por filtros. Isso não quer dizer que o grupo não consiga obras-primas. Elas estão lá: ‘God is dead?’, ‘Age of reason’ e ‘Damaged soul’.
13 é o disco possível, feito a partir das ruínas de quatro jovens cheios de energia que gravaram clássicos como ‘N.I.B.’, ‘Evil woman’, ‘War pigs’, ‘Paranoid’, ‘Iron man’, ‘Into the void’. O bom e velho Black Sabbath está lá, mais velho do que bom.
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