CULTURA
Eletrobrás volta atrás e desclassifica Ser Tão Teatro
Eletrobrás desclasificou projetos do grupo 'Ser Tão Teatro'. A empresa informou que o grupo feriu regras estabelecidas no edital.
Publicado em 14/02/2012 às 6:30
Em nota oficial divulgada ao JORNAL DA PARAÍBA, a Eletrobrás informou que desclassificou os dois projetos do Grupo Ser Tão Teatro que haviam sido aprovados pelo Programa Cultural das Empresas Eletrobrás 2012.
De acordo com a nota, “a Eletrobras, durante a fase de homologação do Edital Cultural 2012, que se encontra em curso, constatou que os concorrentes selecionados para o segmento 'Teatro' Gota D’Água Ser Tão (modalidade 'Produção') e IV Mostra de Teatro de Grupos (modalidade 'Festival de Teatro') feriram regras estabelecidas no Edital”.
Os dois projetos inscritos, respectivamente, em nome do Coletivo Teatral Ser Tão Teatro e da produtora Renata Mora, colaboradora do grupo, tinham em sua ficha técnica a dramaturga carioca Christina Streva, uma das fundadoras do Ser Tão Teatro. Streva era consultora do Edital Cultural 2012 na modalidade 'Circulação de Espetáculos Teatrais'.
De acordo com o edital, era vedada a inscrição de projetos “a qualquer profissional envolvido na gestão do programa, bem como aos seus parentes até terceiro grau” e “a integrante das comissões de seleção e profissionais envolvidos nos processos de seleção do programa”.
Semana passada, a Eletrobrás afirmou ao JORNAL DA PARAÍBA, por meio de sua assessoria, que o edital vedava, na verdade, a participação de integrantes apenas na modalidade em que o integrante participou como consultor. A assessoria informou, ainda na semana passada, desconhecer o fato de que Renata Mora era produtora do Ser Tão Teatro.
A empresa recuou de sua posição após uma carta aberta ter sido divulgada à imprensa pelo Fórum de Teatro de João Pessoa. Assinada por 11 grupos paraibanos, o documento acusava a Eletrobrás de “tráfico de influências” e de violação das regras estabelecidas pelo edital.
O documento, que seria oficializado ontem pelo Fórum de Teatro de João Pessoa, vai ser encaminhado para a empresa, o Gabinete Civil da Presidência da República e para o Ministério da Cultura.
A atriz Susy Lopes, uma das articuladoras do fórum, recebeu com surpresa a notícia da desclassificação. "Eu sinto uma pena porque o grupo com certeza ia fazer um trabalho belíssimo, mas a classe artística não pode permitir que a Eletrobrás faça o que ira ser feito com o dinheiro público".
O edital iria destinar um valor de mais de R$ 600 mil para financiar os projetos do Ser Tão Teatro com recursos da Chesf e da Eletrobrás.
"A iniciativa do fórum de redigir a carta não foi nada contra o grupo nem contra Christina (Streva). Muitos de nós somos amigos pessoais deles e aplaudimos o ótimo momento artístico em que eles estão, mas não podíamos permitir a falta de cuidado por parte da Eletrobrás", justifica Susy Lopes.
Por telefone, Christina Streva afirmou que foi pessoalmente à Eletrobrás na semana passada esclarecer o ocorrido. A empresa elaborou um documento impresso confirmando que a dramaturga, logo após ter sido convidada para a consultoria do edital, notificou a concorrência de dois projetos do grupo.
"Eu me senti muito lesada por este erro e por uma ingenuidade minha. Sinto muito também pelo teatro da Paraíba, pois as pessoas se aproveitaram de uma situação e de um furo que existia no edital para prejudicar a gente", lamentou a dramaturga.
A nova lista de projetos selecionados já se encontra no site www.eletrobras.com/editalcultural.
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