CULTURA
Lista de aprovados pelo MinC inclui Maria Rita, Marisa Monte e Erasmo
Artistas poderão captar verba acima de R$ 1 milhão para produzir shows. Sula Miranda teve aval a proposta para distribuir DVD a caminhoneiros.
Publicado em 18/03/2011 às 14:23
Do G1
O mesmo relatório divulgado nesta semana pelo Ministério da Cultura com a aprovação ao polêmico blog da cantora Maria Bethânia inclui entre os contemplados projetos de Maria Rita, Marisa Monte, Erasmo Carlos e Sula Miranda, todos com pedidos de captação acima de R$ 1 milhão.
Artistas consagrados não são a regra entre os que desejam se beneficiar da Lei Rouanet. Dentre os projetos do setor musical recém-aprovados pelo MinC, há pelo menos 29 que poderão captar mais de R$ 1 milhão e não necessariamente envolvem grandes nomes do cenário nacional – exemplo da Semana de Música Antiga da UFMG, evento de música erudita que conseguiu autorização para captar R$ 1.104.104,45.
Diferentemente da proposta da cantora baiana, dedicada à poesia, os projetos de Maria Rita, Marisa, Erasmo e Sula pretendem destinar a verba obtida mediante abatimento de impostos ao setor privado para a realização de shows e gravação de DVD.
Disponível para consulta no site do MinC, a
planilha de projetos aprovados e indeferidos
indica que Maria Rita poderá captar R$ 2.195.800 em patrocínio de empresas para cinco apresentações da série "Redescobrir Elis". O espetáculo homenageia Elis Regina (1945-1982), mãe da cantora.
Marisa Monte emplacou projeto para quatro shows acompanhada da Orquestra Sinfônica Brasileira, orçado em R$ 4.994.530. As apresentações acontecerão em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba.
Erasmo Carlos também teve projeto contemplado pelo Ministério da Cultura. O tremendão vai comemorar 70 anos com um show, orçado em R$ 1.219.858. A ideia é trazer convidados para a apresentação.
Já a sertaneja Sula Miranda pretende investir o R$ 1.154.175 que conseguiu aprovar pela Lei Rouanet para a produção do show e DVD "Sula Miranda – 25 anos de estrada". Com "aproximadamente 65 minutos" de duração, segundo detalhamento disponível no site do MinC, o projeto é destinado à distribuição gratuita aos caminhoeiros do país, principal público alvo da cantora.
“O objetivo é que patrocinadores do segmento automotivo o façam chegar às mãos desse público”, afirma ao G1 Simone Oliveira, secretária de Sula. A página do projeto no site do MinC indica que o DVD teria 250 cópias apenas, mas Simone sugere que pode ter havido erro de digitação e garante que haverá mais cópias. “São cerca de 250 mil”, diz, ressaltando que os altos custos de produção se devem à contratação do maestro Eduardo Lage, famoso pelo trabalho com Roberto Carlos.
Contrapartida social
À exceção do projeto de Sula, no entanto, que terá ingressos para o show vendidos por R$ 10 e R$ 20, todos os outros projetos dos artistas citados nesta reportagem não preveem cobrança de entrada.
“Jamais cobraria algo. O projeto é uma maneira de devolver à sociedade o que ela contribuiu para a carreira de Elis”, justifica João Marcello Bôscoli, presidente da gravadora Trama e diretor de “Redescobrir Elis”.
O produtor diz que o projeto de Maria Rita tem diversos componentes: uma exposição em quatro capitais, um documentário de seis horas e um livro que será distribuído em bibliotecas e universidades do país, além da série de shows – que foi até agora a única parte aprovada pelo MinC.
“Grande parte desse investimento [R$ 2.195.800] é o custo do transporte. São cinco cidades...”, comenta Bôscoli.
Nada impede, no entanto, que o projeto tenha outra metade 100% privada, explica o presidente da Trama e também irmão de Maria Rita: esses cinco shows gratuitos podem entrar em um pacote de outras dezenas de apresentações que serão pagas. No site do MinC, a descrição do projeto defende que, sem incentivo fiscal, o ingresso de cada espetáculo sairia por R$ 487.
“São duas linhas de investimento”, explica o produtor. “O que acho estranho é usar lei de incentivo para trazer artista de fora e cobrar ingresso caro depois. Isso é distorção”, ataca.
O G1 apurou que o custo de um festival de porte médio em São Paulo com atrações internacionais de pop e indie rock gira em torno de R$ 6 milhões e R$ 7 milhões.
“Estamos falando o tempo todo de verba pública, então é preciso dar algo de volta à sociedade, como dois shows de livre acesso. É preciso tentar um mix do objetivo privado sem perder o horizonte do recurso público”, defende o produtor musical Marcos Boffa, que já cuidou da direção artística de festivais como o MotoMix, Nokia Trends e Planeta Terra, além de ter trazido turnês do Franz Ferdinand e LCD Soundsystem ao país.
A assessoria de imprensa de Marisa Monte disse que o projeto de shows da cantora aprovado pelo MinC estava ainda em fase embrionária e que não havia o que comentar.
A assessoria de Erasmo Carlos também foi contatada por telefone e e-mail, mas não retornou os pedidos de entrevista até a conclusão desta reportagem.
Comentários