ESPORTES
‘A Copa do Mundo é hoje’, diz ministro em resposta a dirigente da Fifa
Joseph Blatter criticou lentidão das obras em relação à última copa. Comparar África e Brasil é comparar ‘banana com laranja’, disse Orlando Silva.
Publicado em 29/03/2011 às 13:49
Do G1
O ministro do Esporte, Orlando Silva, rebateu nesta terça-feira (29) as críticas do presidente da Fifa, Joseph Blatter, aos preparativos do Brasil para a Copa do Mundo de 2014. Ao participar da primeira audiência pública sobre o mundial, realizada em Brasília, Silva afirmou que para o governo “a Copa do Mundo é hoje”.
"Para o governo, a Copa é hoje. Temos urgência. Ninguém está mais preocupado com a realização do Mundial da Fifa do que o Brasil", afirmou Silva, em referência direta a Blatter.
Na segunda, o presidente da Fifa manifestou descontentamento com a lentidão dos trabalhos em torno do Mundial ao dizer que “a Copa do Mundo é amanhã, e os brasileiros pensam que é depois de amanhã”.
Além de manifestar a preocupação do governo com o andamento das obras, o ministro do Esporte afirmou que as declarações de Blatter eram uma forma de “desviar o foco” de questões internas da Fifa como a eleição interna na entidade.
"Você tem um processo eleitoral em curso na Fifa e temo que possa haver algum tipo de repercussão. Creio que isso é uma questão mais de desvio de foco por temas outros que envolvem a Fifa, do que uma análise crítica do trabalho que está sendo realizado.
O dirigente da Fifa também disse que, a três anos do torneio, o Brasil estaria mais atrasado na organização do que a África do Sul. Para Silva, a comparação de Blatter entre os preparativos da África do Sul e do Brasil “é inadequada” e equivale a “comparar banana com laranja”, uma vez que os problemas dos dois países na elaboração do evento são diferentes.
"Não acho muito adequado comparar o Brasil com a África do Sul, como não seria adequado comparar o Brasil com a Alemanha, porque a infraestrutura que a África do Sul possuía quando da preparação do mundial da Fifa, assim como a da Alemanha, eram situações completamente diferentes da brasileira, e comparar banana com laranja pode conduzir a análises equivocadas", disse Silva.
Dificuldades
Silva reconheceu as dificuldades brasileiras em relação a áreas de infraestrutura como aeroportos e mobilidade urbana e reclamou das “inovações” constantemente sugeridas pela Fifa, que estariam atrapalhando a definição de critérios para a construção dos estádios.
"Imagino que as dificuldades que nós temos vocês conhecem, de temas de infraestrutura, como conhecem as soluções que o Brasil tem procurado apresentar no caso de aeroportos, de transporte. A Fifa deve parar de sugerir inovações. É importante que nós tenhamos todos os critérios para os estádios definidos".
Sobre a construção de um novo estádio em São Paulo, obra que estaria atrasada e até teria sido colocada em dúvida, diante da falta de viabilidade financeira do projeto, Silva jogou a responsabilidade para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e para o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab.
"A palavra de São Paulo foi dada à presidente Dilma Rousseff pelo governador Geraldo Alckmin e pelo prefeito Gilberto Kassab. Até que provem o contrário, acreditamos que a obra será concluída", finalizou.
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