ECONOMIA
Industrial cobra mudança na política do governo
Setor industrial na Paraíba registrou crescimento de 87,7% no Estado entre janeiro de 2011 e dezembro 2014.
Publicado em 26/05/2015 às 6:00 | Atualizado em 08/02/2024 às 18:54
Apesar das dificuldades, o setor industrial paraibano tem muito o que comemorar. Foi o que explicou o conselheiro do Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP) junto à Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep), William Montenegro, sobre o Dia da Indústria, celebrado ontem.
“Temos alto nível tecnológico e continuamos investindo na qualificação da mão de obra. O setor gera emprego, renda e impostos”. Para William, falta apenas que o governo reconheça os esforços do setor e repense algumas políticas que vêm causando impactos na indústria.
Segundo o empresário, o setor carece muito de investimentos em infraestrutura. “Para ter uma ideia, temos no Estado um polo cimenteiro que é o segundo maior do país, mas como vamos escoar aquela produção sem investimentos em aeroportos e no porto? Por uma BR-101 que já está saturada?”. William Montenegro disse ainda que os cortes de verbas recentemente anunciados pelo Governo Federal devem causar ainda mais dificuldades para o setor, especialmente o segmento da construção civil, já que, só no programa Minha Casa, Minha Vida, o corte foi de R$ 6 bilhões.
“Na construção esperamos nesse segundo semestre pelo menos equiparar ao que era em 2013, que é uma perspectiva mais realista. Nos anos anteriores tivemos aquele crescimento enorme, mas era um ponto fora da curva, a gente sabia que não teria como sustentar aquilo por muito tempo”. Embora a indústria já viesse enfrentando dificuldades no país em 2014, tendo encerrado o ano com queda de 3,2%, a Paraíba, remando contra a maré, terminou o ano com crescimento de 4,4%. Estamos esperando conseguir mais uma vez essa façanha em 2015”, disse William.
SEM BOAS PERSPECTIVAS
O vice-presidente da Fiep, Magno Rossi, não mantém a mesma esperança. “Espero estar errado, mas acredito que se repetirmos o ano passado já será uma grande vitória, e talvez haja até uma queda no setor este ano. Está até difícil fazer uma projeção, mas nós da Fiep estamos apreensivos”.
Magno citou os aumentos na energia elétrica e combustíveis, assim como a alta carga tributária, como desafios a serem enfrentados pelo setor. Ainda assim, o vice-presidente da Fiep afirmou que a federação e os empresários do setor estão esperançosos. “Continuamos na luta, é hora de buscar mais eficiência energética e inovação para sair dessa inércia em que o mercado se encontra”, destacou.
SETOR CRESCE 87% EM UNIDADES
Ancorados em crescimento de micro e pequenas empresas, o setor industrial na Paraíba registrou crescimento de 87,7% no Estado entre janeiro de 2011 e dezembro 2014. Dados do Cadastro de Registros da Receita Estadual mostram que as empresas do setor passaram de 7.849 unidades para 14.733 unidades no Estado. O setor representa 15,17% do total das empresas ativas do Estado e representa 22,8% do PIB do Estado da Paraíba.
Por regime de apuração, as optantes do Simples Nacional lideram participação no cadastro do setor. Os microempreendedores individuais (MEI), microempresas e empresas de pequeno porte representam 76,47% das indústrias do Estado (11.267 unidades).
A participação da micro e da pequena indústria cresceu nos últimos quatro anos na Paraíba. Em 2010, elas participavam com 58,23% das indústrias. Entre as principais razões estão o surgimento da figura do MEI em 2010 e a decisão do Governo da Paraíba de ter dobrado o limite do faturamento anual do Simples Nacional de R$ 1,8 milhão para R$ 3,6 milhões entre 2011 e 2014, possibilitando que milhares de empresas mantivessem a carga tributária menor no Simples e outras fossem incorporadas. Já as empresas de médio e grande portes da indústria participam com 20% do total.
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