COTIDIANO
Bandidos já assaltaram 27,4% dos postos e frentistas ameaçam greve
Apenas no último final de semana, cinco postos de Campina Grande se transformaram em alvo para os criminosos e este ano, 14 dos 51 existentes já foram assaltados.
Publicado em 25/02/2010 às 8:41
João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba
As ações praticadas por bandidos contra postos de combustíveis em Campina Grande têm aterrorizado clientes, proprietários e sobretudo funcionários dos estabelecimentos. Apenas no último final de semana, cinco postos se transformaram em alvo para os criminosos e este ano, 14 dos 51 existentes já foram assaltados, de acordo com o Sindicato dos Empregados do Comércio de Serviços de Combustíveis (Sindecpetro-PB), o que representa 27,4% dos estabelecimentos da cidade.
Para tentar solucionar o problema, o presidente da entidade, Evanilton Almeida, reuniu-se com o comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar (2º BPM) do município, coronel Marcus Marconi. Com medo, os frentistas ameaçam deflagrar greve e deixar de trabalhar durante as noites.
Segundo o sindicato, a maior parte das ações ocorre nos finais de semana e muitos frentistas estão ficando traumatizados com a violência empreendida pelos criminosos durante os assaltos. “Muitos estão deixando de trabalhar por conta disso. Semanas atrás um colega nosso começou a trabalhar e na primeira semana foi vítima de um tiro de raspão. Ele ligou pra mim pra dizer que não queria mais. Hoje ser frentista é uma profissão de risco”, discorreu Evanilton Almeida.
No entanto, muitos dos assaltos acabam nem chegando ao conhecimento da polícia. Segundo o sindicato, pelo fato dos bandidos roubarem apenas pequenas quantias os donos de postos não estão mais registrando os fatos. Prova disso é que, para a Polícia Militar, apenas um assalto foi registrado. Na reunião de ontem, o comandante anunciou o reforço no combate aos assaltos, com o acréscimo de quatro viaturas exclusivas para fazer rondas junto aos estabelecimentos.
“Estamos trabalhando com as imagens cedidas pelos postos e com nosso Serviço de Inteligência, tentando identificar esses meliantes. Além disso a ideia é fazermos um trabalho paralelo com o aumento do efetivo ostensivo para dar segurança a esses estabelecimentos, sobretudo no período noturno. Iremos fazer um levantamento dos endereços e dos horários que mais ocorrem esses assaltos e teremos quatro viaturas, uma em cada região da cidade, fazendo exclusivamente esse trabalho junto aos postos”, adiantou o comandante Marcus Marconi.
As ações praticadas pelos criminosos são sempre semelhantes e desafiam pela ousadia em que são empreendidas. Utilizando motocicletas, muitas vezes sem placas, os bandidos se aproximam dos postos em duplas e, armados de revólveres e pistolas, anunciam os assaltos. Depois de renderem os frentistas e ameaçarem as vítimas, eles fogem nos veículos rapidamente, na maior parte dos casos sem serem identificados pela polícia.
Atualmente em Campina Grande trabalham 512 frentistas, mas o Sindecpetro atua também em 78 municípios localizados no Compartimento da Borborema. “Essa onda de assaltos tem acontecido com mais frequência em Campina, mas em outras cidades também tem ocorrido. Em Lagoa Seca, Queimadas e Esperança, por exemplo, são frequentes também”, assinalou Evanilton Almeida
Apenas 12 estabelecimentos abrem à noite
Os assaltos aos postos de combustíveis, além do pânico e do trauma deixados para os funcionários, provocam também prejuízos para os proprietários. O Sindicato dos Donos de Postos de Campina Grande não possui dados exatos, mas garante que todos os estabelecimentos da cidade já foram assaltados, nos últimos três anos. Em alguns casos, de acordo com o órgão, os criminosos chegaram a roubar um mesmo posto por mais de 20 vezes. Por conta da violência, atualmente somente 12 estabelecimentos mantêm expediente noturno em Campina Grande.
“A situação não é isolada e já vem acontecendo há vários anos. Todos já foram roubados e alguns mais de 20 vezes. A preocupação maior é com aqueles que estão próximos a áreas periféricas, como os localizados em Bodocongó e no Centenário”, disse o presidente do Sindicato dos Donos de Postos, Bruno Agra.
Apavorados com os assaltos, na última assembleia realizada pela categoria, os frentistas ameaçaram decretar greve e não trabalharem mais durante o período da noite. No entanto, a decisão será tomada em uma nova reunião da categoria, conforme Evanilton Almeida.
“Grande parte dos frentistas estão com esse pensamento, de não trabalhar mais durante esse turno. Nós iremos marcar essa nova assembleia para decidirmos”, enfatizou o dirigente do Sindecpetro.
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